São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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entrevista

Olmert investe na guerra de informação

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA

O governo de Israel atua também no front da guerra da informação, com diplomatas, oficiais do Exército e autoridades do governo dispostos a conversar com a mídia. Além de facilitar o trabalho das centenas de jornalistas estrangeiros que cobrem o conflito, isso tem o objetivo óbvio de passar uma imagem positiva do país. Gideon Meir é o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo de Ehud Olmert para a mídia estrangeira. Ele afirma que autoridades israelenses já deram mais de 650 entrevistas desde o início do conflito. Em conversa com a Folha, Meir disse achar difícil apontar quem está ganhando nesse aspecto da guerra, mas avalia que a mídia internacional demonstra mais entendimento em relação à posição de Israel. (MG)  

FOLHA - Como está sendo gerenciada a guerra de informações?
GIDEON MEIR
- Todo o Ministério do Exterior está envolvido. Estamos trabalhando duro. Desde o começo do conflito nossos representantes já deram mais de 650 entrevistas, entre declarações oficiais, conversas em off [sem citação da fonte] e explicações para diferentes temas ligados ao conflito. Abrimos um centro de informação em Haifa e estamos fazendo tudo o quer for possível para ajudar os jornalistas.

FOLHA - Qual a mensagem que o sr. tenta passar?
MEIR
- Nossa mensagem é a de que estamos combatendo para salvar o Líbano e os libaneses do domínio do Hizbollah. E, é claro, os nossos cidadãos também. A mensagem de que a presença do Hizbollah é uma ameaça para toda a região.

FOLHA - Quem está ganhando esta guerra de informações?
MEIR
- É difícil dizer. Mas percebemos que os meios de comunicação estão demonstrando mais entendimento em relação à posição de Israel, de que esta guerra é justa, de que estamos reagindo a uma ação e a uma provocação do Hizbollah.

FOLHA - Como é possível justificar uma guerra e passar essa mensagem diante do alto número de mortos civis?
MEIR
- Isso acontece pelo fato de o Hizbollah usar a população como escudo. Irã e Síria, que sustentam o grupo, não se importam com civis. Nem com libaneses nem com israelenses nem com os palestinos, apesar do discurso de que lutam pelos seus direitos. A morte de civis interessa aos terroristas, que não dão valor à vida.

FOLHA - E como o sr. poderia explicar o fato de brasileiros terem sido mortos em ataques israelenses?
MEIR
- Não matamos essas pessoas pelo fato de serem brasileiros. Só atacamos alvos do Hizbollah. Nossa intenção não é matar civis. Isso é contra as nossas crenças como israelenses e como judeus. Não somos como o Hizbollah ou como os grupos terroristas palestinos, que disparam de propósito contra civis.

FOLHA - Qual imagem o sr. gostaria que marcasse esta guerra?
MEIR
- Nem a dos civis libaneses mortos nem dos israelenses mortos nem de Hassan Nasrallah declarando vitória. Quero ver a imagem do fim do Hizbollah e do seu domínio no Líbano. Quero ver imagens de crianças israelenses e libanesas voltando para as escolas e voltando a viver.


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