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ARTIGO
Qual a saída?
O combate israelense é justo e a intensidade de sua reação é paralela à ameaça, mas Israel acredita na via diplomática
TZIPORA RIMON
Israel mantém o desafio de
promover a paz na região através do diálogo com um parceiro
verdadeiro. Infelizmente, alguns interpretam incorretamente a nossa aspiração de viver em paz.
Há seis anos, Israel já havia
demonstrado seu desejo de terminar o conflito quando retirou suas forças de defesa do sul
do Líbano. Há quase um ano,
em setembro de 2005, Israel
deixou também a faixa de Gaza,
desalojando 8.000 moradores e
as forças de segurança. E qual
foi o retorno dado a Israel?
Por duas semanas e meia, em
duas frentes, vemos um mesmo
padrão de atividade de organizações terroristas: primeiro o
Hamas, na faixa de Gaza, e depois o Hizbollah, no sul do Líbano. Sofremos ataques dentro
de nosso território soberano
reconhecido internacionalmente, tivemos soldados assassinados e seqüestrados, além
dos lançamentos de foguetes
Qassam e mísseis Katyusha sobre cidades e localidades no sul
e no norte do país. Entre elas,
Nazaré, cidade sagrada para
cristãos e habitada principalmente por cidadãos árabes-israelenses.
Os alvos do Hamas e do Hizbollah são aglomerações populacionais, exatamente com o
objetivo de atingir o maior número de civis possível, e o propósito mais importante, segundo as declarações de seus líderes, é a destruição do Estado de
Israel.
O Hizbollah, e não o Líbano,
é uma ameaça estrategicamente posicionada, dentro do Líbano e na fronteira com Israel. A
organização funciona como
provocador regional armado e
financiado por Irã e Síria, portanto sua agenda e motivação
são diferentes das do Líbano.
Tragicamente os terroristas
atuaram e impuseram a seu
próprio povo a escolha errada, a
perpetuação do conflito. Agora,
graças ao Hamas e ao Hizbollah, israelenses estão mortos,
palestinos estão mortos, libaneses estão mortos e brasileiros no Líbano estão mortos.
Cidadãos de Israel vivem hoje uma nova realidade, frente
ao campo de batalha, trancados
em abrigos, enfrentando ataques de mísseis com determinação, coragem, paciência e
união. O combate israelense é
justo. Toda nação no mundo livre se comportaria da mesma
forma, defendendo-se.
Como a tragédia do 11 de Setembro nos EUA, o massacre
das crianças de Beslan, na Rússia, o assassinato de pessoas
inocentes nos trens de Madri e
como a carnificina sem sentido
em Londres há um ano, Israel
encontra-se em meio a uma
agressão meticulosamente planejada pelos terroristas jihadistas na esperança de vencer
os valores do mundo civilizado.
O Hizbollah tem, de acordo
com declarações da própria organização terrorista, milhares
de mísseis dotados de extrema
potência e alcance, com capacidade para atingir até mesmo
Tel Aviv e outras cidades nas
cercanias. Assim, a intensidade
da reação de Israel é paralela ao
nível da ameaça.
Israel não tem o desejo de
ampliar a ação militar para
além do Líbano e de Gaza. Apesar de reconhecer que ações
militares são agora necessárias
para defender seus cidadãos da
ameaça apresentada pela infra-estrutura terrorista do Hizbollah, Israel acredita que a solução virá, de fato, da via diplomática. Nesse ponto, as posições da comunidade internacional e de Israel são as mesmas. Para que se chegue a tal
solução no Líbano é preciso
que os soldados israelenses seqüestrados, Udi Goldwasser e
Eldad Regev, sejam libertados,
que as cidades israelenses deixem de ser bombardeadas, que
o Hizbollah seja desarmado e
expulso do sul do Líbano passando a ser ocupado pelo Exército libanês e que a Resolução
1559 do Conselho de Segurança
da ONU seja cumprida.
No que se refere à faixa de
Gaza, operações contra-terroristas serão mantidas até que
cessem os disparos de mísseis
Qassam contra cidades israelenses, que o terrorismo do Hamas chegue ao fim e que o soldado seqüestrado Gilad Shalit
retorne em segurança a seu lar.
Nossa esperança é que respostas a essas demandas se
concretizem, acelerando assim
os esforços diplomáticos e contribuindo para encerrar a crise
no Oriente Médio e conduzindo-nos ao caminho da tranqüilidade regional.
TZIPORA RIMON é embaixadora de Israel no
Brasil
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