São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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ARTIGO

Qual a saída?

O combate israelense é justo e a intensidade de sua reação é paralela à ameaça, mas Israel acredita na via diplomática

TZIPORA RIMON

Israel mantém o desafio de promover a paz na região através do diálogo com um parceiro verdadeiro. Infelizmente, alguns interpretam incorretamente a nossa aspiração de viver em paz. Há seis anos, Israel já havia demonstrado seu desejo de terminar o conflito quando retirou suas forças de defesa do sul do Líbano. Há quase um ano, em setembro de 2005, Israel deixou também a faixa de Gaza, desalojando 8.000 moradores e as forças de segurança. E qual foi o retorno dado a Israel? Por duas semanas e meia, em duas frentes, vemos um mesmo padrão de atividade de organizações terroristas: primeiro o Hamas, na faixa de Gaza, e depois o Hizbollah, no sul do Líbano. Sofremos ataques dentro de nosso território soberano reconhecido internacionalmente, tivemos soldados assassinados e seqüestrados, além dos lançamentos de foguetes Qassam e mísseis Katyusha sobre cidades e localidades no sul e no norte do país. Entre elas, Nazaré, cidade sagrada para cristãos e habitada principalmente por cidadãos árabes-israelenses. Os alvos do Hamas e do Hizbollah são aglomerações populacionais, exatamente com o objetivo de atingir o maior número de civis possível, e o propósito mais importante, segundo as declarações de seus líderes, é a destruição do Estado de Israel.
O Hizbollah, e não o Líbano, é uma ameaça estrategicamente posicionada, dentro do Líbano e na fronteira com Israel. A organização funciona como provocador regional armado e financiado por Irã e Síria, portanto sua agenda e motivação são diferentes das do Líbano. Tragicamente os terroristas atuaram e impuseram a seu próprio povo a escolha errada, a perpetuação do conflito. Agora, graças ao Hamas e ao Hizbollah, israelenses estão mortos, palestinos estão mortos, libaneses estão mortos e brasileiros no Líbano estão mortos.
Cidadãos de Israel vivem hoje uma nova realidade, frente ao campo de batalha, trancados em abrigos, enfrentando ataques de mísseis com determinação, coragem, paciência e união. O combate israelense é justo. Toda nação no mundo livre se comportaria da mesma forma, defendendo-se. Como a tragédia do 11 de Setembro nos EUA, o massacre das crianças de Beslan, na Rússia, o assassinato de pessoas inocentes nos trens de Madri e como a carnificina sem sentido em Londres há um ano, Israel encontra-se em meio a uma agressão meticulosamente planejada pelos terroristas jihadistas na esperança de vencer os valores do mundo civilizado.
O Hizbollah tem, de acordo com declarações da própria organização terrorista, milhares de mísseis dotados de extrema potência e alcance, com capacidade para atingir até mesmo Tel Aviv e outras cidades nas cercanias. Assim, a intensidade da reação de Israel é paralela ao nível da ameaça. Israel não tem o desejo de ampliar a ação militar para além do Líbano e de Gaza. Apesar de reconhecer que ações militares são agora necessárias para defender seus cidadãos da ameaça apresentada pela infra-estrutura terrorista do Hizbollah, Israel acredita que a solução virá, de fato, da via diplomática. Nesse ponto, as posições da comunidade internacional e de Israel são as mesmas. Para que se chegue a tal solução no Líbano é preciso que os soldados israelenses seqüestrados, Udi Goldwasser e Eldad Regev, sejam libertados, que as cidades israelenses deixem de ser bombardeadas, que o Hizbollah seja desarmado e expulso do sul do Líbano passando a ser ocupado pelo Exército libanês e que a Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU seja cumprida.
No que se refere à faixa de Gaza, operações contra-terroristas serão mantidas até que cessem os disparos de mísseis Qassam contra cidades israelenses, que o terrorismo do Hamas chegue ao fim e que o soldado seqüestrado Gilad Shalit retorne em segurança a seu lar. Nossa esperança é que respostas a essas demandas se concretizem, acelerando assim os esforços diplomáticos e contribuindo para encerrar a crise no Oriente Médio e conduzindo-nos ao caminho da tranqüilidade regional.


TZIPORA RIMON é embaixadora de Israel no Brasil


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