São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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Uribe anuncia reativação de fronteira

Presidente lança campanha por comércio em área atingida por crise diplomática entre Colômbia e Venezuela

Moradores da região sofrem com aumento da violência, extorsão e prejuízos comerciais e esperam novo governo

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À COLÔMBIA

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, lançou ontem uma campanha nacional para incentivar o comércio de Cúcuta, cidade na fronteira com a Venezuela das mais afetadas pela crise bilateral.
"Que as companhias aéreas disponibilizem passagens baratas para Cúcuta, que o comércio tenha as melhores mercadorias. Que às 18h não tenham mais o que vender. Não vamos te abandonar, Cúcuta", disse Uribe.
A campanha foi anunciada para os dias 5 e 6 de agosto, os dois últimos dias do governo de Uribe. Ele organizou ontem uma grande cerimônia, transmitida pela TV estatal, com todos os ministros e ex-ministros, para fazer um balanço da gestão.
"Helena [a uma assessora], vá perguntando por terras em Cúcuta. Vou comprar as primeiras terras para uma universidade que ajudarei a construir no futuro", disse Uribe, num estilo muito semelhante ao de seu antípoda ideológico, Hugo Chávez.
Cúcuta, capital do departamento (Estado) de Norte de Santander, vive basicamente do comércio com o país vizinho e da venda de produtos, como sapatos, para a Venezuela. Até maio, as vendas da Colômbia à Venezuela haviam caído 71%.
O rompimento das relações diplomáticas entre Bogotá e Caracas, anunciado na última quinta-feira, preocupa especialmente os moradores da fronteira.
"Somos os que mais sofremos. Muitas famílias vivem do comércio com a Venezuela", afirmou à Folha Jorge Eduardo Pérez, governador do departamento colombiano de La Guajira.
Autoridades locais dizem que toda vez que transborda a tensão diplomática bilateral, os que vivem na fronteira ficam nervosos, esperando mais controles -e até extorsão- por parte da Guarda Nacional venezuelana.

FARC
Uribe também comentou o ataque colombiano às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador, em 2008, que desatou uma crise diplomática no subcontinente. No bombardeio, morreu o então número 2 da guerrilha, Raúl Reyes.
O presidente colombiano disse que o ataque foi produto do "estado de necessidade" e "não é o ideal" ante o direito internacional. "Pedimos perdão ao Equador."
Já Chávez pediu que as Farc "reconsiderem sua estratégia de ação armada", sem chance de êxito num "prazo previsível", argumentando que ela serve de "desculpa" para a penetração americana na região.
O venezuelano costumava pregar que as Farc fossem consideradas "força beligerante". Mas desde junho de 2008 passou a criticar a ação armada, ainda que grupos ligados ao chavismo apoiem abertamente a guerrilha.
A crise Venezuela-Colômbia será objeto de uma reunião extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) convocada ontem pelo Equador, que exerce a Presidência temporária do bloco. O encontro será na quinta-feira em Quito.


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