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Uribe anuncia reativação de fronteira
Presidente lança campanha por comércio em área atingida por crise diplomática entre Colômbia e Venezuela
Moradores da região sofrem com aumento da violência, extorsão e prejuízos comerciais e esperam novo governo
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À COLÔMBIA
O presidente da Colômbia,
Álvaro Uribe, lançou ontem
uma campanha nacional para incentivar o comércio de
Cúcuta, cidade na fronteira
com a Venezuela das mais
afetadas pela crise bilateral.
"Que as companhias aéreas disponibilizem passagens baratas para Cúcuta,
que o comércio tenha as melhores mercadorias. Que às
18h não tenham mais o que
vender. Não vamos te abandonar, Cúcuta", disse Uribe.
A campanha foi anunciada para os dias 5 e 6 de agosto, os dois últimos dias do governo de Uribe. Ele organizou ontem uma grande cerimônia, transmitida pela TV
estatal, com todos os ministros e ex-ministros, para fazer um balanço da gestão.
"Helena [a uma assessora], vá perguntando por terras em Cúcuta. Vou comprar
as primeiras terras para uma
universidade que ajudarei a
construir no futuro", disse
Uribe, num estilo muito semelhante ao de seu antípoda
ideológico, Hugo Chávez.
Cúcuta, capital do departamento (Estado) de Norte de
Santander, vive basicamente
do comércio com o país vizinho e da venda de produtos,
como sapatos, para a Venezuela. Até maio, as vendas da
Colômbia à Venezuela haviam caído 71%.
O rompimento das relações diplomáticas entre Bogotá e Caracas, anunciado na
última quinta-feira, preocupa especialmente os moradores da fronteira.
"Somos os que mais sofremos. Muitas famílias vivem
do comércio com a Venezuela", afirmou à Folha Jorge
Eduardo Pérez, governador
do departamento colombiano de La Guajira.
Autoridades locais dizem
que toda vez que transborda
a tensão diplomática bilateral, os que vivem na fronteira
ficam nervosos, esperando
mais controles -e até extorsão- por parte da Guarda
Nacional venezuelana.
FARC
Uribe também comentou o
ataque colombiano às Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no
Equador, em 2008, que desatou uma crise diplomática no
subcontinente. No bombardeio, morreu o então número
2 da guerrilha, Raúl Reyes.
O presidente colombiano
disse que o ataque foi produto do "estado de necessidade" e "não é o ideal" ante o
direito internacional. "Pedimos perdão ao Equador."
Já Chávez pediu que as
Farc "reconsiderem sua estratégia de ação armada",
sem chance de êxito num
"prazo previsível", argumentando que ela serve de "desculpa" para a penetração
americana na região.
O venezuelano costumava
pregar que as Farc fossem
consideradas "força beligerante". Mas desde junho de
2008 passou a criticar a ação
armada, ainda que grupos ligados ao chavismo apoiem
abertamente a guerrilha.
A crise Venezuela-Colômbia será objeto de uma reunião extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) convocada ontem pelo Equador, que exerce a Presidência temporária
do bloco. O encontro será na
quinta-feira em Quito.
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