São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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Comissão diz ter imagens do metrô

DA REDAÇÃO

A comissão independente que investiga a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres afirmou ontem que tem em mãos todos os elementos necessários para apurar o caso, inclusive as imagens gravadas pelas câmeras de circuito interno da estação de metrô de Stockwell, onde o incidente ocorreu.
A afirmação desmente reportagens recentes publicadas pela imprensa britânica segundo as quais as imagens tinham sido deliberadamente apagadas pela polícia.
"Não há informação faltando. Temos todas as informações de que precisamos", disse Nick Harwick, diretor da Comissão Independente de Queixas sobre a Polícia (IPCC), após reunião de duas horas com a missão enviada pelo governo brasileiro para acompanhar as investigações. "Algumas das imagens do circuito interno que temos têm sido cruciais para a investigação. Eu as vi e são de grande ajuda."
"Ainda não conheço a verdade do que ocorreu. Quando souber, direi ao público", acrescentou Harwick, pedindo paciência. O relatório da comissão deve ficar pronto em dezembro.
O embaixador Manoel Gomes Pereira, um dos membros da missão brasileira, afirmou esperar que um culpado seja encontrado.
"Um cidadão brasileiro foi morto, e acreditamos que alguém deva ser considerado culpado", afirmou Pereira após o encontro com Harwick. "Esse caso cria uma situação em que o governo e a família no Brasil merecem algumas respostas."
As imagens gravadas na estação são cruciais para esclarecer as circunstâncias da morte do eletricista brasileiro por policiais que o tomaram por terrorista.
Segundo a versão policial, além de ter saído de uma casa sob investigação, Menezes vestia um casaco pesado, saltou a catraca e não atendeu às interpelações dos policiais, fugindo.
Porém documentos vazados da IPCC mostraram que ele vestia apenas uma jaqueta, andou calmamente pela estação, passou pela catraca com um bilhete eletrônico e correu apenas quando percebeu que o trem se aproximava.
Os documentos revelam ainda que houve falha policial na identificação de Menezes como o terrorista que estava sendo procurado. O agente responsável estava no banheiro no momento da identificação.
As revelações fizeram crescer a pressão sobre o comissário de polícia, Ian Blair, para que renuncie.
Ontem, o prefeito de Londres, Ken Livingstone, saiu em defesa de Blair, em entrevista à BBC, acusando policiais "descontentes" de tentar solapar a credibilidade do comissário.


Com agências internacionais

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