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Relatório relaciona mortes a golpistas em Honduras
Comissão da OEA condena o emprego de armas de fogo contra manifestantes
No dia em que comitiva de chanceleres desembarca em Tegucigalpa, CIDH critica também o cerceamento da mídia favorável a Zelaya
DE WASHINGTON
No mesmo dia em que uma
missão de chanceleres de países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos)
desembarcou em Honduras para persuadir o regime golpista a
recuar, uma comissão ligada à
entidade soltou relatório em
que faz acusações graves sobre
a situação dos direitos humanos naquele país após a derrubada do presidente Manuel Zelaya, no último 28 de junho.
Entre os vários desmandos
relatados pela Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (CIDH), o principal é o de
que agentes do governo golpista, comandado por Roberto Micheletti, podem estar ligados a
mortes de opositores.
Ainda de acordo com o levantamento preliminar, divulgado
ontem, há em Honduras hoje o
uso desproporcional de força
pública, detenções arbitrárias e
controle da informação.
"Particularmente sério é o fato de que quatro pessoas morreram e várias outras foram feridas por armas de fogo", afirma o texto da entidade, que
funciona de maneira autônoma
e cujos membros são eleitos em
assembleia da OEA.
"Uma investigação exaustiva
dessas mortes é necessária,
considerando que a comissão
recebeu informação que as pode ligar a agentes do Estado."
Os seis enviados da CIDH
identificaram ainda repressão a
protestos por meio de bloqueios militares, implantação
arbitrária de toques de recolher, detenção de milhares de
pessoas e tratamento cruel, desumano e degradante dos detidos. A visita aconteceu entre 17
e 21 de agosto -e confirma acusações que vinham sendo feitas
pelos aliados do presidente deposto e negadas pelo regime
golpista.
O levantamento enfraquece
ainda mais diante da opinião
pública mundial o regime que
se instalou após o golpe de Estado, que derrubou Zelaya e colocou Micheletti no poder. Por
fim, coloca a Casa Branca e o
Departamento de Estado obamistas em uma encruzilhada, já
que o governo americano vem
hesitando em tomar medidas
mais duras contra o regime instalado após a queda de Zelaya.
A CIDH diz ainda que o controle de informação vem sendo
exercido por ataques e ameaças
a jornalistas, além do fechamento temporário de órgãos de
mídia ligados a Zelaya ou que se
opõem ao golpe, da ocupação
militar de suas instalações, do
bloqueio da transmissão dos sinais de emissoras pagas críticas
ao regime e do que chama de
"uso seletivo de cortes de eletricidade" dessas empresas.
Exemplo vivo do que fala o
relatório, no domingo homens
encapuzados tiraram do ar a rádio Globo e o Canal 36, ambas
ligadas a Zelaya, no momento
em que transmitiam show promovido pela Frente Nacional
de Resistência contra o Golpe.
OEA em Tegucigalpa
Ainda ontem, a comissão de
chanceleres, liderada pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, chegou a Tegucigalpa, num avião cedido pelo
governo dos EUA, para negociar com o regime golpista a
aceitação do ponto principal do
plano proposto pelo costa-riquenho Óscar Arias, que é a volta de Zelaya ao poder.
É pouco provável que consigam. A volta de Zelaya é "inegociável", reiterou a vice-chanceler do governo golpista, Martha
Lorena Alvarado.
A restituição, segundo a
OEA, é a única forma de legitimar a eleição presidencial marcada para 29 de novembro.
(SÉRGIO DÁVILA)
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