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Bolívia abre mão de prazo para remoção de brasileiros da fronteira
Morales aceita não exigir saída até dezembro, e Lula se compromete a ajudar os que queiram regressar
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Atendendo a um pedido do
colega Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Evo Morales
concordou em não exigir mais a
saída até dezembro dos brasileiros que vivem ilegalmente na
zona de fronteira, conforme estava inicialmente previsto em
acordo bilateral.
Segundo a Folha apurou, Lula, por sua vez, também se comprometeu com Morales em
ajudar os brasileiros que queiram regressar ao Brasil. Os dois
se reuniram no sábado, em Villa Tunari (Bolívia).
Na prática, a conversa deve
gerar a revisão do projeto original, que incentiva os brasileiros
ocupando terras na faixa de 50
km da fronteira boliviana (o
que a lei local proíbe) a se mudarem para outras áreas mais
no interior da Bolívia.
No departamento amazônico do Pando (norte da Bolívia),
onde está a maior parte dos
brasileiros em zona de fronteira, o projeto provocou forte
descontentamento. Os brasileiros têm resistido a se mudar
para dentro do inóspito interior boliviano, e muitos preferem cruzar a fronteira de volta.
A tensão na área aumentou
ainda mais com a transferência, no início do mês, de centenas de colonos bolivianos trazidos de outras área do país pelo
governo Morales.
Entre os brasileiros, há o temor de perder benfeitorias, como casas e plantações, para os
recém-chegados.
A maior parte dos brasileiros
é formada por famílias pobres
do Acre que vivem da extração
da castanha e da borracha,
além de praticar agricultura
em pequena escala.
Muitos estão há décadas na
Bolívia, mas a grande maioria
nunca regularizou a sua situação e não fala espanhol, devido
à grande presença de brasileiros e ao isolamento da região
com o restante da Bolívia.
As estimativas das famílias
brasileiras na região variam de
400 a mil famílias. No próximo
mês, a OIM (Organização Internacional para as Migrações)
planeja um cadastro definitivo
de quem deve sair da região.
Fruto do acordo entre Brasília e La Paz, a OIM, organização internacional cuja sede regional fica em Buenos Aires, recebeu R$ 20 milhões do governo Lula para realizar o trabalho
de reassentamento dos brasileiros, mas quase nada foi realizado até agora.
Em entrevista coletiva ontem, Morales demonstrou estar satisfeito com a visita de
Lula, cujo ponto alto foi a concessão de uma linha de crédito
de US$ 332 milhões do BNDES
para a construção de uma rodovia. "[O Brasil] é um dos países que lideram a região por
sua participação na integração
da América do Sul e da América
Latina", afirmou o boliviano.
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