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Seqüestro de britânico aumenta pressão sobre Blair
DA REDAÇÃO
O seqüestro do britânico Kenneth Bigley no Iraque está aumentando a pressão sobre o premiê,
Tony Blair, ao recolocar a guerra
na pauta política às vésperas da
convenção anual de seu partido.
A intenção do governo era concentrar a convenção do Partido
Trabalhista, que abre no domingo
em Brighton (sudeste), em problemas domésticos. Mas analistas
avaliam que o seqüestro expôs
ainda mais os erros da política
britânica para o Iraque, forçando
uma resposta do premiê.
Com a popularidade despencando desde o início da guerra,
Blair passou os últimos dias fechado na residência de campo do
governo, calculando seu discurso.
Bigley, 62, e os americanos Eugene Armstrong e Jack Hensley
foram seqüestrados na semana
passada por um grupo terrorista
comandado pelo jordaniano Abu
Musab al Zarqawi, que tem vínculos com a Al Qaeda. Os terroristas
decapitaram os americanos e
ameaçam matar Bigley caso não
sejam soltas as mulheres presas
no Iraque.
Mesmo após os apelos diretos
feitos a ele pela família e pelo próprio refém, Blair tem mantido silêncio. A imprensa britânica vem
comparando seu comportamento
ao do presidente francês, Jacques
Chirac, que fez apelos públicos
pela soltura dos dois jornalistas
franceses seqüestrados, que, porém, permanecem reféns.
"Quem mais tem ajudado é a Al
Jazira [rede de TV árabe do Qatar]. De alguma maneira, com
seus contatos, eles me deram
acesso indireto aos terroristas",
disse Paul Bigley, irmão do refém.
Quebrando o silêncio oficial, o
premiê irlandês, Bertie Ahern, fez
ontem um apelo pela libertação
de Bigley, cuja família é de origem
irlandesa, pela Al Jazira.
A pedido da família, a embaixada britânica em Bagdá distribuiu
ontem 50 mil panfletos pela cidade pedindo informações sobre o
refém. Com uma foto de Bigley,
um telefone para contato, os panfletos dizem, em árabe: "Este é um
apelo pessoal de uma família cujo
filho está desaparecido. Um homem de família chamado Bigley
está sendo mantido em algum lugar de sua comunidade."
"A mãe, os irmãos, a mulher e o
filho de Ken o amam. Estamos
apelando pela sua ajuda. Apelamos para que aqueles que tenham
levado Ken devolvam-no para
nós. Você sabe onde ele está?"
Neste final de semana, uma delegação do Conselho Muçulmano
do Reino Unido viaja para Bagdá
para se encontrar com clérigos sunitas com ligações com terroristas
iraquianos, numa tentativa de salvar o refém.
"Sejam misericordiosos. Nossa
religião não permite que façamos
mal ao inocente. É a mensagem
que levaremos a Bagdá", disse o
secretário-geral Iqbal Sacraine.
Com agências internacionais
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