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RÚSSIA
Acusado de autoritarismo, presidente sugere nova diretriz; academia de TV diz que emissoras no país não são livres
Mídia tem que combater terror, diz Putin
DA REDAÇÃO
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ontem que a mídia "não pode se comportar como
observador passivo" diante das
ameaças do terrorismo. Apelou
aos jornalistas para que tenham
um papel mais engajado com relação a essa questão.
Suas afirmações, em entrevista a
agências estrangeiras, foi vista como nova diretriz pela qual o
Kremlin procurará controlar
mais ainda a mídia no país.
Os jornais russos reagiram com
unânime repulsa ao seqüestro de
crianças em Beslan, que terminou
no início deste mês com mais de
300 mortes. O ato foi reivindicado
por terroristas tchetchenos. Mas
não é consensual a política de Putin de não negociar com lideranças tchetchenas moderadas e que
condenam o terrorismo.
Putin enviou à Duma (Câmara
Baixa do Parlamento) projeto pelo qual, em nome do combate ao
terror, suprime as eleições diretas
para governador. O projeto foi
aprovado anteontem por 343 a 0.
Pesquisa do Instituto Vtsiom de
ontem indica que 48% dos russos
se opõem às reformas políticas. Só
38% disseram aprová-las.
Mas 45% acreditam que as medidas ajudarão a combater o terrorismo, contra 29% que exprimiram opinião oposta.
Putin negou ontem que as reformas limitem a democracia na
Rússia e dêem ao Kremlin um
perfil de poder parecido ao soviético. Disse que a Rússia não se
afastará dos objetivos traçados há
dez anos, quando iniciou uma
transição democrática para suceder a ditadura comunista.
"Uma década de reformas nos
mostraram que apenas uma adesão coerente com os princípios da
democracia pode assegurar à
Rússia um desenvolvimento estável", disse o presidente.
A Associated Press lembra que
duas redes independentes de TV
foram fechadas, aparentemente
por questões financeiras, embora
o Kremlin demonstrasse satisfação pela neutralização desses núcleos de crítica às políticas oficiais.
Masha Lipman, analista do Carnegie Center de Moscou, qualificou as declarações de Putin de
"hipócritas". Diz que na Rússia é
o governo que exerce o papel de
árbitro do noticiário, o que o leva
a reprimir enfoques dissidentes.
Ainda ontem os jornais russos
informaram ter sido lançado documento em que duas dezenas de
integrantes da Academia Russa
de Televisão afirmam que "a TV
russa não é livre hoje".
"Em lugar de uma informação
livre e objetiva, as emissoras nos
forçam a consumir a versão oficial dos fatos e desestimulam a livre discussão", diz o texto.
Corrupção e terrorismo
Um capitão que chefiava a segurança interna do aeroporto de
Domodiedovo, Mikhail Artamonov, foi preso e indiciado por
cumplicidade com o terrorismo,
por ter permitido, no final de
agosto, que duas terroristas tchetchenas embarcassem com explosivos em dois aviões Tupolev que
fariam vôos domésticos.
A queda dos dois aparelhos matou 89 passageiros e tripulantes.
Duas outras pessoas também
foram presas, entre elas Nikolai
Korenkov, funcionário de uma
companhia aérea acusado de receber propina para que as duas
terroristas tchetchenas embarcassem nos vôos que iriam derrubar.
Com agências internacionais
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