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Países apertam cerco a Irã nuclear na ONU
G8 estabelece prazo até fim do ano para que Teerã interrompa seu contestado programa de enriquecimento de urânio
Conselho de Segurança das
Nações Unidas aprova por
unanimidade resolução de
Obama que endurece contra
usos militares de tecnologia
DO ENVIADO A NOVA YORK
Decisões tomadas ou anunciadas ontem no âmbito ou em
torno da Assembleia Geral da
ONU apertam o cerco ao Irã para que aceite adequar seu programa nuclear às normas internacionais. Na principal, o G8,
grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais
a Rússia, anunciou que o país
tem até o fim do ano para interromper o seu programa de
enriquecimento de urânio ou
será alvo de novas sanções.
Segundo Franco Frattini, o
ministro das Relações Exteriores da Itália, país que atualmente ocupa o assento rotativo
de comando do grupo, o acordo
informal será examinado a cada mês até dezembro. Mas a decisão dele e de seus colegas, Hillary Clinton incluída, disse, era
dar "uma chance ao Irã". A missão iraniana respondeu que seu
programa nuclear é para fins
pacíficos e que as acusações são
"invenção".
No mesmo dia, Barack Obama conseguiu a principal vitória de sua primeira participação na Assembleia Geral como
presidente dos EUA. Os 15
membros do Conselho de Segurança, principal instância da
ONU, aprovaram por unanimidade uma resolução com linguagem mais dura para lidar
com países que buscarem tecnologia nuclear ou permitirem
seu uso para fins bélicos.
A proposta é virtualmente
idêntica à apresentada pelo democrata, que presidiu o conselho -a primeira vez que um
presidente dos EUA ocupa esse
cargo desde a criação da ONU,
em 1945, e a quinta reunião do
tipo feita no âmbito da Assembleia Geral, segundo a Casa
Branca. Havia dúvidas se a Rússia e a China, 2 dos 5 membros
permanentes (os outros são
EUA, França e Reino Unido),
concordariam com os termos
apresentados.
Não só concordaram como,
no dia anterior, após encontro
bilateral com Obama, o presidente russo, Dmitri Medvedev,
havia sugerido que poderia
adotar novas sanções contra o
regime dos aiatolás, embora tenha colocado em dúvida a eficácia delas. É um avanço, já que
Moscou é notoriamente reticente a essas sanções.
A resolução facilita a ação diplomática e militar contra nações que usem tecnologia nuclear civil para fins militares ou
permitam que outros países façam isso, e seus alvos mais óbvios são Irã e Coreia do Norte.
"O que essas duas nações estão fazendo mina as regras em
que nossa segurança coletiva se
baseia", disse o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, na fala mais veemente. "Temos de
parar a proliferação, e é disso
que essa resolução trata."
Os EUA dizem que o texto
não é dirigido a nenhum país
em particular, e seus diplomatas afirmaram que a ideia é preparar o arcabouço legal para a
conferência que revisará o Tratado Nuclear de Não Proliferação, em maio de 2010.
Ponto para Obama
Sua aprovação é o único resultado concreto que o presidente americano levou de quatro dias de encontros e discursos, o principal deles feito na
manhã de anteontem, em que o
democrata conclamou os países a entrarem numa "nova
era" de cooperação.
A fala foi saudada por ex-membros graduados de governos anteriores, como Henry
Kissinger, assessor de Segurança Nacional e secretário de Estado de Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977), William Perry, ex-secretário da Defesa de Bill Clinton
(1993-2001), e George Shultz,
ex-secretário de Estado de Ronald Reagan (1981-1989).
Obama conseguiu contaminar a agenda do evento. Foi a
questão nuclear, e não o terrorismo, que dominou o discurso
dos líderes dos principais países, diferentemente de nos últimos anos, em que George W.
Bush fez do combate ao terrorismo o tema quase único.
Em sua participação na assembleia, ontem, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin
Netanyahu, disse que o desafio
mais urgente era "impedir que
os tiranos de Teerã adquiram
armas nucleares". Israel não é
signatário do Tratado de Não
Proliferação, e acredita-se que
tenha armas nucleares.
Elogiou ainda os que se retiraram no dia anterior durante a
fala do presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad. Aos
que ficaram, o israelense disse
que perguntava em nome do
povo judeu: "Vocês não têm
vergonha? Não têm decência?"
(SÉRGIO DÁVILA)
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