São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Em fala à ONU, israelense contesta iraniano

Premiê de Israel rebate fala negacionista de Ahmadinejad, feita na semana passada, e defende bombardeios à faixa de Gaza

Netanyahu defende a paz com um Estado palestino "desmilitarizado'; líder da ANP afirma que não vai voltar a negociar agora


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, rebateu ontem, em discurso à Assembleia Geral da ONU, a provocação do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, feita na semana passada, que dizia que não há provas sobre o Holocausto e que o evento histórico é uma mentira.
"E sobre os sobreviventes cujos braços ainda levam números marcados pelos nazistas? Seriam eles mentira também?", questionou Netanyahu.
Pouco depois de exibir no palanque dois documentos que atestam a ocorrência do fato histórico, quando morreram cerca de 6 milhões de judeus, o líder linha-dura de Israel aproveitou para justificar os pesados bombardeios à faixa de Gaza, que mataram em torno de 1.400 palestinos, entre dezembro e janeiro passados.
Durante as três semanas de confronto, pelo lado israelense, quatro civis morreram por conta de foguetes disparados aleatoriamente contra o sul de Israel por radicais do Hamas.
O premiê disse, em seu discurso, que o ataque era a única forma de agir diante dos oito anos em que milhares de foguetes foram lançados em seu território -período no qual, diz ele, a ONU "ficou em silêncio".
Aos líderes mundiais, Netanyahu teceu duras críticas ao relatório elaborado pelo juiz judeu sul-africano Richard Goldstone sobre as operações em Gaza.
"Em vez de condenar o terrorismo, alguns [funcionários] da ONU estão condenando as vítimas", afirmou Netanyahu.
O relatório de Goldstone apontou que havia indícios de que tanto o Hamas quanto o Exército de Israel teriam cometido crimes de guerra e até mesmo crime contra a humanidade -e instava cada um dos lados a conduzir investigações de suas próprias ações.
Segundo informou o jornal israelense "Haaretz", o governo de Israel estava "aliviado" pelo fato de o relatório ter sido pouco citado pelos líderes mundiais durante suas falas à Assembleia da ONU -que foi mais pautada pela questão do programa nuclear iraniano.

Negociações emperrada
Em discurso, Netanyahu disse que estava disposto a fazer a paz com os palestinos, mas afirmou que, para que isso aconteça, um futuro Estado palestino deveria ser "efetivamente desmilitarizado" -condição não aceita pelos palestinos por inviabilizar a existência de um Estado soberano.
Em resposta, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse ontem que os palestinos não vão voltar às negociações neste momento por "discordâncias fundamentais" com Israel.
Abbas frustrou, assim, o pedido de Obama feito anteontem, em discurso na ONU, em favor de uma retomada de negociações sem precondições.
A ANP quer que Israel interrompa a construção de colônias no território palestino como precondição para retomar as conversas. Antes, a posição era compartilhada por Obama, que agora, porém, prega a retomada incondicional do diálogo.

Com agências internacionais



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