São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Grupo do terrorista Zarqawi reivindica autoria da ação; diplomata americano é morto em Bagdá

Rebeldes matam 49 soldados em emboscada

Ali Yussuf/France Presse
Iraquiano se desespera ao identificar corpo de soldado da Guarda Nacional morto na emboscada


DA REDAÇÃO

Em um dos mais letais ataques da insurgência contra a ocupação americana, 49 soldados iraquianos desarmados foram massacrados anteontem à noite -a maioria com tiros na cabeça após serem rendidos. A ação, reivindicada pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, reforçou a suspeita de que os serviços de segurança do país estejam infiltrados.
Em outra ação de impacto, Edward Seitz tornou-se o primeiro diplomata norte-americano morto no Iraque ao ser atacado por rebeldes ontem de manhã.
O soldados iraquianos voltavam para casa em três microônibus depois de um curso de treinamento no campo militar Kirkush, no nordeste de Bagdá, informou o Ministério do Interior.
O comboio foi parado por insurgentes perto da fronteira com o Irã, cerca de 160 quilômetros a leste de Bagdá. Há relatos de que eles estavam vestidos com uniformes militares iraquianos.
O Ministério do Interior disse que 37 corpos foram encontrados ontem no chão, com as mãos nas costas e tiros na cabeça. Outros 12 corpos estavam num ônibus carbonizado. Segundo testemunhas, rebeldes lançaram granadas-foguete em um dos microônibus.
"Depois da inspeção, descobrimos que eles foram baleados depois de serem obrigados a deitar no chão", disse o general Walid al Azzawi, comandante da região onde ocorreu o massacre. Segundo ele, os corpos estavam dispostos em quatro fileiras, com cerca de 12 corpos em cada uma.
Um funcionário do governo iraquiano disse que a maioria dos soldados mortos era de famílias pobres das cidades predominantemente xiitas de Basra, Amara e Nassiriah, no sul do Iraque.
O grupo de Zarqawi, que agora se intitula Al Qaeda no Iraque, assumiu a autoria da ação, segundo nota num site islâmico.
"Deus permitiu aos guerreiros islâmicos matá-los todos e tomar dois carros e os salários que eles haviam acabado de receber de seus senhores", diz a nota.

Suspeita de infiltração
Policiais e soldados iraquianos têm sido cada vez mais um alvo dos insurgentes, na maioria das vezes em ataques com carros-bomba e morteiros. Mas o fato de insurgentes terem sido capazes de matar tantos soldados durante uma operação sofisticada numa região remota sugere que os guerrilhas obtiveram a informação sobre o comboio com antecedência.
"Provavelmente houve colaboração entre soldados e outros grupos", disse Aqil Hamid al Adili, vice-governador de Diyala, onde ocorreu o ataque. "Sem isso, os atiradores não teriam conseguido a informação da partida dos soldados de seu campo de treinamento desarmados."
Na semana passada, um alto funcionário do Departamento da Defesa dos EUA disse que membros dos serviços de segurança iraquianos haviam desenvolvido simpatia pelas guerrilhas. Em outros casos, insurgentes foram enviados para se alistar nas forças de segurança, disse esse funcionário, sob a condição de anonimato.
A extensão do problema da infiltração rebelde é desconhecida, mas aumenta as dúvidas sobre a eficácia da estratégia americana de repassar cada vez mais responsabilidade para as forças de segurança iraquianas.

Diplomata morto
Seitz, agente do setor de Segurança Diplomática do Departamento de Estado, foi morto após um morteiro ou foguete ter atingido o trailer onde dormia, numa base americana perto do aeroporto de Bagdá, informou o governo norte-americano. Segundo a TV Al Jazira, o grupo insurgente Exército Islâmico do Iraque assumiu a autoria.
O clérigo radical xiita Moqtada al Sadr divulgou uma nota de apoio aos insurgentes sunitas de Fallujah, cidade sob intenso ataque americano. Ele se disse pronto para intervir no confronto e declarou apoio incondicional aos rebeldes. "Sem piedade dos ocupantes, a resistência continua, se Deus quiser", disse Sadr.
A declaração ocorre num momento em que seus assessores têm dito que o líder religioso vem tentando desarmar suas milícias para participar das incertas eleições, marcadas para janeiro.

Com agências internacionais e o "New York Times"


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