São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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MISSÃO NO CARIBE

Brasil participa

Policial haitiano morre em operação com a ONU

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Mais um policial haitiano morreu baleado ontem, durante a quinta operação conjunta das últimas semanas envolvendo a Polícia Nacional Haitiana e as forças de paz da ONU em Bel Air, favela de Porto Príncipe considerada reduto de partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
Desde o dia de 30 setembro, violentas manifestações promovidas por esse grupo deixaram ao menos 50 mortos, sendo 11 policiais, interditaram ruas e paralisaram parte do comércio e das escolas da capital haitiana. O protesto é chamado pelos manifestantes de "Operação Bagdá".
A operação de ontem teve início às 5h e contou com aproximadamente 280 homens, dos quais 150 eram "capacetes azuis" brasileiros. A previsão era que a operação terminasse ontem à noite.
Como nas operações anteriores, soldados brasileiros voltaram a trocar tiros. "Mas desta vez não foi um tiroteio tão intenso", disse à Folha o coronel Antônio Carlos Faillace, da seção de comunicação social da brigada brasileira.
Há cerca de 15 dias, um soldado brasileiro levou um tiro no pé durante operação em Bel Air, favela vizinha ao Palácio Nacional.
Apesar do policial morto, a missão militar brasileira considerou a operação "bem-sucedida" por ter cumprido o objetivo de retirar 120 carcaças de automóvel das ruas da favela, que vinham sendo usadas como barricada e para bloquear o trânsito.
Segundo a missão brasileira, também foi ocupada uma construção usada por atiradores contra soldados e policiais. O ponto, considerado estratégico, será ocupado permanentemente por soldados brasileiros e policiais haitianos, num esquema de rodízio. Cada turno deverá ter cerca de 30 homens armados.
A Folha apurou que hoje haveria outra grande operação contra os partidários de Aristide. A missão militar brasileira disse ontem que a ação ainda estava "em planejamento", sem dar detalhes.
A operação de ontem foi a primeira em conjunto depois de um confuso incidente na quarta-feira, quando um policial haitiano foi hospitalizado após supostamente ter sido agredido por soldados brasileiros. A missão da ONU e a polícia haitiana abriram investigações paralelas sobre o caso, que, no entanto, foi considerado superado por ambos os comandos.
Os partidários de Aristide exigem a volta do líder, exilado na África do Sul após ter sido deposto em fevereiro em razão de um violento levante.
Sob o comando militar brasileiro, a Minustah (Missão da ONU de Estabilização no Haiti) tem cerca de 3.000 militares, número que deve dobrar até dezembro. O Brasil reclama que o atraso no envio do restante das tropas de paz da ONU inicialmente previstas tem sobrecarregado os 1.200 soldados brasileiros no país.


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