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MISSÃO NO CARIBE
Brasil participa
Policial haitiano morre em operação com a ONU
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Mais um policial haitiano morreu baleado ontem, durante a
quinta operação conjunta das últimas semanas envolvendo a Polícia Nacional Haitiana e as forças
de paz da ONU em Bel Air, favela
de Porto Príncipe considerada reduto de partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
Desde o dia de 30 setembro, violentas manifestações promovidas
por esse grupo deixaram ao menos 50 mortos, sendo 11 policiais,
interditaram ruas e paralisaram
parte do comércio e das escolas da
capital haitiana. O protesto é chamado pelos manifestantes de
"Operação Bagdá".
A operação de ontem teve início
às 5h e contou com aproximadamente 280 homens, dos quais 150
eram "capacetes azuis" brasileiros. A previsão era que a operação
terminasse ontem à noite.
Como nas operações anteriores,
soldados brasileiros voltaram a
trocar tiros. "Mas desta vez não
foi um tiroteio tão intenso", disse
à Folha o coronel Antônio Carlos
Faillace, da seção de comunicação
social da brigada brasileira.
Há cerca de 15 dias, um soldado
brasileiro levou um tiro no pé durante operação em Bel Air, favela
vizinha ao Palácio Nacional.
Apesar do policial morto, a missão militar brasileira considerou a
operação "bem-sucedida" por ter
cumprido o objetivo de retirar 120
carcaças de automóvel das ruas
da favela, que vinham sendo usadas como barricada e para bloquear o trânsito.
Segundo a missão brasileira,
também foi ocupada uma construção usada por atiradores contra soldados e policiais. O ponto,
considerado estratégico, será ocupado permanentemente por soldados brasileiros e policiais haitianos, num esquema de rodízio.
Cada turno deverá ter cerca de 30
homens armados.
A Folha apurou que hoje haveria outra grande operação contra
os partidários de Aristide. A missão militar brasileira disse ontem
que a ação ainda estava "em planejamento", sem dar detalhes.
A operação de ontem foi a primeira em conjunto depois de um
confuso incidente na quarta-feira,
quando um policial haitiano foi
hospitalizado após supostamente
ter sido agredido por soldados
brasileiros. A missão da ONU e a
polícia haitiana abriram investigações paralelas sobre o caso, que,
no entanto, foi considerado superado por ambos os comandos.
Os partidários de Aristide exigem a volta do líder, exilado na
África do Sul após ter sido deposto em fevereiro em razão de um
violento levante.
Sob o comando militar brasileiro, a Minustah (Missão da ONU
de Estabilização no Haiti) tem
cerca de 3.000 militares, número
que deve dobrar até dezembro. O
Brasil reclama que o atraso no envio do restante das tropas de paz
da ONU inicialmente previstas
tem sobrecarregado os 1.200 soldados brasileiros no país.
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