São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Surto de cólera atinge a capital do Haiti

ONU se prepara para combater a epidemia em acampamentos com 1,3 milhão de desabrigados de terremoto

Tropas de engenharia brasileiras e chilenas estão construindo dois hospitais de campanha na região de Artibonite

Ramon Espinosa/Associated Press
Médico americano constata morte de haitiano por cólera do lado de fora de um hospital em Drouin, no interior do Haiti

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

A epidemia de cólera que já matou 253 pessoas e infectou outras 3.015 no Haiti chegou à capital Porto Príncipe.
Preparando-se para o pior cenário possível -o de que a doença se alastre por acampamentos de desabrigados do terremoto de 12 de janeiro-, a ONU está construindo 12 centros de tratamento.
Segundo as Nações Unidas, cinco pessoas portadoras da doença foram identificadas em Porto Príncipe e estão sendo tratadas.
Mas as autoridades não consideram que o cólera já esteja disseminado na capital. Isso porque os cinco infectados contraíram a bactéria em Artibonite, centro do país, onde eclodiu o surto.
Até ontem ainda não havia notícias de vítimas que contraíram a doença na capital.
O cólera se propaga por água contaminada e onde há baixas condições de higiene. Por causa disso, autoridades acreditam que a doença deve se espalhar em favelas e nos 1.268 acampamentos da capital e das cidades próximas de Leogane e Jacmel -que abrigam mais de 1,3 milhão.
"Temos de estar prontos", disse Imogen Wall, a porta-voz da Ocha (Escritório de Assuntos Humanitários da ONU). O diretor geral do Departamento da Saúde do Haiti, Gabriel Thimote, foi mais otimista e disse que o número de mortes e internações tende a se estabilizar.
Tropas de engenharia do Brasil e do Chile estão construindo hospitais de campanha especializados no tratamento do cólera em Saint Marc, centro do país. A cidade é considerada a linha de frente no combate à doença, onde há 2.574 internados.
Os hospitais terão médicos argentinos e apoiarão o hospital St. Nicolas, do Médicos Sem Fronteiras (MSF), que já opera acima de sua capacidade em Saint Marc. Outros dez centros médicos menores estão sendo construídos, seis deles na capital. Covas coletivas estão sendo preparadas para os mortos.
Os estoques de insumos médicos já começam a diminuir. Só há bolsas de reidratação suficientes para 30 mil. Enquanto isso, a burocracia haitiana impede que comboios de suprimentos do MSF entrem no país pela fronteira da República Dominicana.


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