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Surto de cólera atinge a capital do Haiti
ONU se prepara para combater a epidemia em acampamentos com 1,3 milhão de desabrigados de terremoto
Tropas de engenharia brasileiras e chilenas estão construindo dois hospitais de campanha
na região de Artibonite
Ramon Espinosa/Associated Press
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Médico americano constata morte de haitiano por cólera do lado de fora de um hospital em Drouin, no interior do Haiti
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
A epidemia de cólera que
já matou 253 pessoas e infectou outras 3.015 no Haiti chegou à capital Porto Príncipe.
Preparando-se para o pior
cenário possível -o de que a
doença se alastre por acampamentos de desabrigados
do terremoto de 12 de janeiro-, a ONU está construindo
12 centros de tratamento.
Segundo as Nações Unidas, cinco pessoas portadoras da doença foram identificadas em Porto Príncipe e estão sendo tratadas.
Mas as autoridades não
consideram que o cólera já
esteja disseminado na capital. Isso porque os cinco infectados contraíram a bactéria em Artibonite, centro do
país, onde eclodiu o surto.
Até ontem ainda não havia
notícias de vítimas que contraíram a doença na capital.
O cólera se propaga por
água contaminada e onde há
baixas condições de higiene.
Por causa disso, autoridades
acreditam que a doença deve
se espalhar em favelas e nos
1.268 acampamentos da capital e das cidades próximas
de Leogane e Jacmel -que
abrigam mais de 1,3 milhão.
"Temos de estar prontos",
disse Imogen Wall, a porta-voz da Ocha (Escritório de
Assuntos Humanitários da
ONU). O diretor geral do Departamento da Saúde do Haiti, Gabriel Thimote, foi mais
otimista e disse que o número de mortes e internações
tende a se estabilizar.
Tropas de engenharia do
Brasil e do Chile estão construindo hospitais de campanha especializados no tratamento do cólera em Saint
Marc, centro do país. A cidade é considerada a linha de
frente no combate à doença,
onde há 2.574 internados.
Os hospitais terão médicos
argentinos e apoiarão o hospital St. Nicolas, do Médicos
Sem Fronteiras (MSF), que já
opera acima de sua capacidade em Saint Marc. Outros
dez centros médicos menores estão sendo construídos,
seis deles na capital. Covas
coletivas estão sendo preparadas para os mortos.
Os estoques de insumos
médicos já começam a diminuir. Só há bolsas de reidratação suficientes para 30 mil.
Enquanto isso, a burocracia
haitiana impede que comboios de suprimentos do MSF
entrem no país pela fronteira
da República Dominicana.
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