São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cristina terá o maior poder em 30 anos

Presidente argentina, reeleita em 1º turno, controlará o Congresso; 20 dos 23 governadores de províncias são aliados

Crescimento da base, porém, não é suficiente para fazer reformas constitucionais sem o apoio de oposicionistas

Cézaro de Luca/Efe
Cristina saúda apoiadores após ser reeleita

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A histórica votação recebida por Cristina Kirchner dará à presidente a chance de consolidar o maior poder presidencial dos últimos 30 anos e permitirá ainda a seu governo retomar o controle do Congresso, bastião da oposição nos últimos dois anos.
Os quase 54% dos votos recebidos por Cristina anteontem permitiram que sua base no Legislativo, sobretudo na Câmara, obtivesse quase 30 cadeiras a mais. Após 98% das urnas apuradas, prevê-se que o kirchnerismo fique com 135 dos 257 deputados.
No Senado, onde já havia maioria governista, a votação ajudou a ampliar a vantagem em uma cadeira. Agora, serão 38 dos 72 senadores.
Para o governo, a maioria no Congresso será importante para a aprovação de projetos chave da gestão kirchnerista, como o que considera o papel-jornal um insumo de interesse nacional (uma das medidas para controlar o papel usado pelos jornais).
Uma mudança na Constituição para instituir a reeleição ilimitada, como pedem alguns aliados de Cristina, parece um pouco complicada. Para uma reforma constitucional são necessários dois terços dos votos dos congressistas. Para isso, o kirchnerismo precisaria do apoio da oposição.
"Uma mudança seria muito difícil, pois impediria a aspiração política de muitos peronistas do interior que apoiam o governo", afirmou à Folha o sociólogo Ricardo Sidicaro. "Os deputados peronistas são conservadores e ligados aos governadores."
Um exemplo é o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, reeleito no fim de semana e possível presidenciável em 2015.
Para a oposição, o resultado da votação no Congresso também foi péssimo, refletindo o cenário da eleição presidencial. Alguns partidos, como a Coalizão Cívica, podem perder até 11 cadeiras.
Como o eleitor argentino vota em listas fechadas (cujos candidatos são definidos previamente pelos partidos), a expressiva votação da presidente ajudou a emplacar no Congresso jovens militantes do grupo La Cámpora, chefiado por seu filho Máximo.
Segundo prognósticos, a organização garantiu na Câmara pelo menos cinco deputados, podendo chegar a dez.
Sinal de que o governo tem privilegiado a militância juvenil em detrimento dos sindicalistas, aliados históricos do peronismo, é que este último grupo garantiu apenas um posto, para Facundo Moyano, filho do poderoso sindicalista Hugo Moyano.
Outro aliado de Cristina foi o ex-presidente Carlos Menem, que conseguiu mais um mandato no Senado. Em 20 das 23 províncias argentinas, os governadores eleitos são aliados da Casa Rosada.



Próximo Texto: Presidente deve manter embate com a imprensa
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.