São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Equatorianos encerram "campanha do medo"

Empatados, conservador Noboa e esquerdista Correa dizem que haverá tragédia se adversário vencer

DA REDAÇÃO

Ataques pesados entre os dois candidatos marcaram o fim da campanha para o segundo turno das eleições presidenciais no Equador. Em busca da vitória na eleição de amanhã, o milionário conservador Álvaro Noboa e o esquerdista ex-ministro da Economia Rafael Correa recorreram ao medo para mostrar ao eleitorado os perigos da vitória do adversário.
Pesquisa divulgada ontem pelo instituto Cedatos-Gallup mostra empate técnico -Correa tem 52% das preferências, e Noboa, 48%, sendo a margem de erro de três pontos percentuais para cima ou para baixo. No primeiro turno, em 15 de outubro, Noboa teve 26,8% dos votos, e Correa, 22.8%.
Homem mais rico do país, Noboa, 56, que fez fortuna com a produção de bananas, disse que o Equador vai se transformar em "outra Cuba" e que haverá "uma guerra civil, com derramamento de sangue" se Correa for o vitorioso.
Já Correa, próximo ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que o Equador "não será um país de mendigos nem uma fazenda bananeira para o herdeiro mais metido do país".
Os dois fizeram anteontem à noite seus comícios finais -a propaganda eleitoral no país era proibida a partir da meia-noite de ontem.
"Correa pretende armar um ministério com terroristas e comunistas", declarou o conservador, conhecido como "o rei da banana", em Guayaquil, a maior cidade do país.
Na capital, Quito, o esquerdista disse que o Equador "vencerá os talões de cheque que quiseram comprá-lo".

Deus e instabilidade
Além de recorrer ao medo, ambos os candidatos tentaram mostrar seu fervor católico na campanha. Dos 13,5 milhões de equatorianos, 93% se declaram católicos.
Noboa apareceu em comícios com uma bíblia na mão, rezou o Pai-Nosso antes dos discursos e ainda chamou seus seguidores de "grande legião de Deus".
Já Correa, que se define como "humanista cristão", foi a várias missas durante a campanha acompanhado por sua família. Ele já foi voluntário salesiano em aldeias indígenas no sul do Equador.
A eleição é a mais disputada desde que o país se redemocratizou, em 1978. Mas a radicalização dos discursos pode manter a instabilidade constante que marcou a última década -quando nenhum presidente eleito pôde concluir o mandato.
Os últimos três foram derrubados por revoltas populares e destituídos pelo Congresso -o populista Abdalá Bucarám em 1997, o conservador Jamil Mahuad em 2000 e, em 2005, o esquerdista Lucio Gutiérrez.
O atual presidente, Alfredo Palacio, vice de Gutiérrez, tomou posse com a destituição dele. Crises econômicas sucessivas levaram o país a dolarizar sua economia em 2000.


Com agências internacionais


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