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Reino Unido inicia revisão sobre Guerra do Iraque
Inquérito, que não prevê veredicto, deve ouvir o ex-premiê Tony Blair em janeiro
Processo fará reconstituição de preparação para invadir o Iraque e derrubar Saddam, justificativas para aderir aos EUA e planos do pós-guerra
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O Reino Unido iniciou ontem
um inquérito sobre a Guerra do
Iraque que deve ter seu clímax
em janeiro, quando o ex-premiê Tony Blair (1997-2007)
testemunhar sobre as razões
que o levaram a apoiar os EUA
na invasão do país, em março
de 2003, contra a maioria da
opinião pública.
A expectativa é a de que os
procedimentos -que examinarão não só a preparação para a
guerra e as justificativas para
ela como também a participação britânica e o planejamento
do pós-guerra- durem ao menos até o final de 2010 ou o início de 2011.
A nova investigação, anunciada pelo atual premiê e correligionário de Blair, Gordon
Brown, mostra a maior propensão dos britânicos a debater a
questão na esfera oficial. É um
contraste com os EUA, onde,
apesar de a guerra ter sido alvo
de painéis no Congresso, sua
justificativa jamais chegou a ser
questionada pelo partido do governo que a lançou. Um testemunho de George W. Bush
(2001-2009) ainda hoje parece
improvável.
Quatro inquéritos no Reino
Unido antecederam o atual,
sendo o mais proeminente o
que investigou se Blair havia
enganado o público ao defender a tese do governo americano de que o Iraque tinha armas
de destruição em massa. Esse é
o mais amplo, abordando fatos
entre o 11 de Setembro, em
2001, e 2009.
Ontem, Peter Ricketts, um
ex-oficial da inteligência, depôs
que os EUA falavam em tirar
Saddam Hussein do poder já
em 2001 (a informação está já
em uma série de livros de ex-membros do governo Bush.)
Segundo ele, o governo britânico "se distanciou" da ideia, embora a avaliação fosse que o ditador iraquiano não estava sendo bem contido.
Foi corroborado por William
Patey, ex-chefe do Departamento de Oriente Médio da
Chancelaria: "Não achávamos
Saddam algo bom. Mas não tínhamos uma política explícita
para nos livrarmos dele".
As audiências são conduzidas
por um painel especial de cinco
membros liderado por John
Chilcot, 70. Ao abrir a sessão, o
ex-assessor do gabinete e das
agências de segurança e inteligência prometeu críticas
"quando necessárias", mas não
um veredicto. "Ninguém está
em julgamento aqui. Não podemos determinar inocência e
culpa", afirmou.
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