São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Reino Unido inicia revisão sobre Guerra do Iraque

Inquérito, que não prevê veredicto, deve ouvir o ex-premiê Tony Blair em janeiro

Processo fará reconstituição de preparação para invadir o Iraque e derrubar Saddam, justificativas para aderir aos EUA e planos do pós-guerra

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O Reino Unido iniciou ontem um inquérito sobre a Guerra do Iraque que deve ter seu clímax em janeiro, quando o ex-premiê Tony Blair (1997-2007) testemunhar sobre as razões que o levaram a apoiar os EUA na invasão do país, em março de 2003, contra a maioria da opinião pública.
A expectativa é a de que os procedimentos -que examinarão não só a preparação para a guerra e as justificativas para ela como também a participação britânica e o planejamento do pós-guerra- durem ao menos até o final de 2010 ou o início de 2011.
A nova investigação, anunciada pelo atual premiê e correligionário de Blair, Gordon Brown, mostra a maior propensão dos britânicos a debater a questão na esfera oficial. É um contraste com os EUA, onde, apesar de a guerra ter sido alvo de painéis no Congresso, sua justificativa jamais chegou a ser questionada pelo partido do governo que a lançou. Um testemunho de George W. Bush (2001-2009) ainda hoje parece improvável.
Quatro inquéritos no Reino Unido antecederam o atual, sendo o mais proeminente o que investigou se Blair havia enganado o público ao defender a tese do governo americano de que o Iraque tinha armas de destruição em massa. Esse é o mais amplo, abordando fatos entre o 11 de Setembro, em 2001, e 2009.
Ontem, Peter Ricketts, um ex-oficial da inteligência, depôs que os EUA falavam em tirar Saddam Hussein do poder já em 2001 (a informação está já em uma série de livros de ex-membros do governo Bush.) Segundo ele, o governo britânico "se distanciou" da ideia, embora a avaliação fosse que o ditador iraquiano não estava sendo bem contido.
Foi corroborado por William Patey, ex-chefe do Departamento de Oriente Médio da Chancelaria: "Não achávamos Saddam algo bom. Mas não tínhamos uma política explícita para nos livrarmos dele".
As audiências são conduzidas por um painel especial de cinco membros liderado por John Chilcot, 70. Ao abrir a sessão, o ex-assessor do gabinete e das agências de segurança e inteligência prometeu críticas "quando necessárias", mas não um veredicto. "Ninguém está em julgamento aqui. Não podemos determinar inocência e culpa", afirmou.


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