São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Iraniano foi instruído por embaixada a moderar tom

Missão do Irã fez alerta para a tradição pacífica brasileira

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Em sua visita a Brasília anteontem, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad evitou declarações polêmicas, não citou nominalmente Israel nenhuma vez e deu respostas evasivas quando questionado por jornalistas sobre o Holocausto.
A cautela e o discurso conciliador destoaram da imagem de líder controverso, que põe em dúvida o extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), defende o fim do Estado judaico e nega e existência de homossexuais no Irã.
Segundo a Folha apurou, o tom que norteou a passagem de Ahmadinejad por Brasília foi ditado pela Embaixada do Irã.
Assim que desembarcaram em Brasília, no final da semana passada, assessores de Ahmadinejad foram instruídos pela embaixada da natureza do governo e da sociedade locais.
A mensagem era que o Brasil, além de não possuir tradição bélica, está longe dos conflitos no Oriente Médio e orgulha-se de abrigar pacificamente todos os credos e grupos sociais.
Pelo cálculo da embaixada, cujo efetivo vinha sendo reforçado havia meses, frases polêmicas pronunciadas durante a visita poderiam prejudicar a parceria política com o governo brasileiro, já pressionado interna e externamente pelas relações ostensivas com Teerã.
Consultado pela Folha, o Itamaraty diz que não fez nenhum pedido à diplomacia iraniana para que Ahmadinejad evitasse "bolas divididas" enquanto estivesse no Brasil.
Um dia após a visita, o sentimento dominante nos dois lados era de que foram cumpridos os principais objetivos do encontro. O Brasil avalia que foi importante aproveitar a relação cordial com Teerã para transmitir pessoalmente alguns recados a Ahmadinejad, incluindo críticas discretas.
Já Ahmadinejad deixou Brasília rumo à Bolívia convencido de que o Brasil é um país amigo que dificilmente irá aderir às pressões e ameaças contra Teerã -ao menos enquanto Lula estiver no poder. Ontem, o iraniano iria para a Venezuela.


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