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Iraniano foi instruído por embaixada a moderar tom
Missão do Irã fez alerta para a tradição pacífica brasileira
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Em sua visita a Brasília anteontem, o iraniano Mahmoud
Ahmadinejad evitou declarações polêmicas, não citou nominalmente Israel nenhuma
vez e deu respostas evasivas
quando questionado por jornalistas sobre o Holocausto.
A cautela e o discurso conciliador destoaram da imagem de
líder controverso, que põe em
dúvida o extermínio de judeus
na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), defende o fim do
Estado judaico e nega e existência de homossexuais no Irã.
Segundo a Folha apurou, o
tom que norteou a passagem de
Ahmadinejad por Brasília foi
ditado pela Embaixada do Irã.
Assim que desembarcaram
em Brasília, no final da semana
passada, assessores de Ahmadinejad foram instruídos pela
embaixada da natureza do governo e da sociedade locais.
A mensagem era que o Brasil,
além de não possuir tradição
bélica, está longe dos conflitos
no Oriente Médio e orgulha-se
de abrigar pacificamente todos
os credos e grupos sociais.
Pelo cálculo da embaixada,
cujo efetivo vinha sendo reforçado havia meses, frases polêmicas pronunciadas durante a
visita poderiam prejudicar a
parceria política com o governo brasileiro, já pressionado
interna e externamente pelas
relações ostensivas com Teerã.
Consultado pela Folha, o
Itamaraty diz que não fez nenhum pedido à diplomacia iraniana para que Ahmadinejad
evitasse "bolas divididas" enquanto estivesse no Brasil.
Um dia após a visita, o sentimento dominante nos dois lados era de que foram cumpridos os principais objetivos do
encontro. O Brasil avalia que
foi importante aproveitar a relação cordial com Teerã para
transmitir pessoalmente alguns recados a Ahmadinejad,
incluindo críticas discretas.
Já Ahmadinejad deixou Brasília rumo à Bolívia convencido
de que o Brasil é um país amigo
que dificilmente irá aderir às
pressões e ameaças contra Teerã -ao menos enquanto Lula
estiver no poder. Ontem, o iraniano iria para a Venezuela.
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