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ANÁLISE
Crise entre Coreias é o mais novo revés para agenda nuclear de Barack Obama
MATT SPETALNICK
DA REUTERS, EM WASHINGTON
O presidente Barack Obama estabeleceu a meta de eliminar as armas nucleares do
mundo como tema central de
sua Presidência, mas a postura de desafio da Coreia do
Norte e outros reveses despertaram dúvidas sobre sua
capacidade de concretizá-la.
Já que a agenda nuclear
mais ampla de Obama parece estar em risco tanto no plano interno quanto no internacional, ele agora terá de se
provar capaz de recuperar a
credibilidade da liderança
dos EUA, ao enfrentar de modo efetivo ameaças mais imediatas, tais como as representadas por Pyongyang.
A Coreia do Norte subitamente saltou para o topo da
lista de Obama, com a descoberta de novos avanços no
enriquecimento de urânio e
com o ataque a uma ilha na
Coreia do Sul, anteontem.
A expectativa é que Obama combine retórica belicosa, para intimidar e conter a
Coreia do Norte, e abordagens diplomáticas para evitar uma escalada militar, enquanto tenta unir a comunidade internacional em torno
de medidas que reforcem a
pressão sobre Pyongyang.
Analistas questionam se
uma abordagem nuançada
como essa será suficiente para sustentar seu objetivo de
desarmar o mundo.
As esperanças de Obama
já sofreram reveses devido ao
desafio continuado do Irã e a
ratificação ao tratado de redução de armas nucleares assinado com a Rússia, que
continua parado no Senado.
Obama despertou altas expectativas em 2009, ao assumir compromisso de que batalharia por um mundo livre
de armas nucleares, retórica
que lhe valeu o Nobel da Paz.
Em abril, Obama anunciou uma nova política de renúncia ao desenvolvimento
de armas nucleares e restrição ao uso das que já integram o arsenal do país.
Assessores do presidente
dizem que as declarações ditaram exemplo a outros países. Mas a doutrina atraiu críticas de conservadores.
Os críticos dizem que a
abordagem de Obama ajudou a estimular a ousadia do
Irã e da Coreia do Norte, que
recusaram os esforços de
aproximação diplomática.
"A ideia de que nos enfraquecermos nos valerá amigos no exterior não procede",
diz Joseph Carafano, especialista da Heritage Foundation.
As pressões contra Teerã e
Pyongyang pouco fizeram
para deter os esforços dos
dois países. Mas Obama não
tem muitas opções.
Acredita-se que sanções
internacionais já atingiram
efeito máximo sobre a Coreia
do Norte, o que deixa a China
como única potência capaz
de exercer alguma influência
sobre Pyongyang.
O Irã, que nega estar desenvolvendo armas nucleares, também continua a ser
um desafio complicado.
Com a campanha presidencial se aproximando,
Obama terá de lidar com os
dois países tendo em mente
seu esforço de reeleição, sem
oferecer a seus adversários a
oportunidade de retratá-lo
como brando para com os
inimigos dos EUA.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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