São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Crise entre Coreias é o mais novo revés para agenda nuclear de Barack Obama

MATT SPETALNICK
DA REUTERS, EM WASHINGTON

O presidente Barack Obama estabeleceu a meta de eliminar as armas nucleares do mundo como tema central de sua Presidência, mas a postura de desafio da Coreia do Norte e outros reveses despertaram dúvidas sobre sua capacidade de concretizá-la.
Já que a agenda nuclear mais ampla de Obama parece estar em risco tanto no plano interno quanto no internacional, ele agora terá de se provar capaz de recuperar a credibilidade da liderança dos EUA, ao enfrentar de modo efetivo ameaças mais imediatas, tais como as representadas por Pyongyang.
A Coreia do Norte subitamente saltou para o topo da lista de Obama, com a descoberta de novos avanços no enriquecimento de urânio e com o ataque a uma ilha na Coreia do Sul, anteontem.
A expectativa é que Obama combine retórica belicosa, para intimidar e conter a Coreia do Norte, e abordagens diplomáticas para evitar uma escalada militar, enquanto tenta unir a comunidade internacional em torno de medidas que reforcem a pressão sobre Pyongyang.
Analistas questionam se uma abordagem nuançada como essa será suficiente para sustentar seu objetivo de desarmar o mundo.
As esperanças de Obama já sofreram reveses devido ao desafio continuado do Irã e a ratificação ao tratado de redução de armas nucleares assinado com a Rússia, que continua parado no Senado.
Obama despertou altas expectativas em 2009, ao assumir compromisso de que batalharia por um mundo livre de armas nucleares, retórica que lhe valeu o Nobel da Paz.
Em abril, Obama anunciou uma nova política de renúncia ao desenvolvimento de armas nucleares e restrição ao uso das que já integram o arsenal do país.
Assessores do presidente dizem que as declarações ditaram exemplo a outros países. Mas a doutrina atraiu críticas de conservadores.
Os críticos dizem que a abordagem de Obama ajudou a estimular a ousadia do Irã e da Coreia do Norte, que recusaram os esforços de aproximação diplomática.
"A ideia de que nos enfraquecermos nos valerá amigos no exterior não procede", diz Joseph Carafano, especialista da Heritage Foundation.
As pressões contra Teerã e Pyongyang pouco fizeram para deter os esforços dos dois países. Mas Obama não tem muitas opções.
Acredita-se que sanções internacionais já atingiram efeito máximo sobre a Coreia do Norte, o que deixa a China como única potência capaz de exercer alguma influência sobre Pyongyang.
O Irã, que nega estar desenvolvendo armas nucleares, também continua a ser um desafio complicado.
Com a campanha presidencial se aproximando, Obama terá de lidar com os dois países tendo em mente seu esforço de reeleição, sem oferecer a seus adversários a oportunidade de retratá-lo como brando para com os inimigos dos EUA.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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