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Sem-mandato tentam vaga no Parlamento do Mercosul
Congressistas não eleitos querem mudar a regra de ocupação do órgão
Atualmente, apenas detentores de mandato podem ser indicados ao órgão; entidades de classe se unem a lobby
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Na tentativa de manter salário e prestígio político depois da derrota nas urnas,
um grupo de deputados e senadores não eleitos em outubro se articula para ocupar
uma vaga no Parlamento do
Mercosul (Parlasul).
Os congressistas tentam
mudar a resolução que regulamenta as indicações brasileiras para permitir a não
parlamentares ocupar cadeiras na entidade.
Pela resolução em vigor,
somente deputados e senadores com mandato podem
ser indicados.
Como o Senado terá que
editar até o final do ano nova
resolução com regras para as
indicações -já que o Brasil
vai passar a ter 37 vagas no
lugar das 18 atuais a partir de
2011-, os não eleitos querem
emplacar a brecha para valer
a partir de janeiro.
Os partidos articulam nomes como Marco Maciel
(DEM-PE), Mão Santa (PSC-PI), Raul Jungmann (PPS-PE)
e Marina Silva (PV-AC) para
ocupar cadeiras no Parlasul
se a "brecha" for aprovada
pelo Congresso.
Os atuais integrantes do
Parlasul não recebem salário, apenas acumulam suas
funções de parlamentares do
Brasil e do bloco econômico.
Com a indicações de não
congressistas, a União terá
que custear as remunerações. O grupo defensor da
ideia sugere informalmente
vencimentos de R$ 18 mil.
Mão Santa, que não foi reeleito, encaminhou ontem ao
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), projeto
com uma nova versão da resolução que inclui a brecha.
Ele afirma que o protocolo
constitutivo do Parlasul,
aprovado pelo Congresso
brasileiro, tem um artigo que
considera "incompatível" o
exercício do cargo de parlamentar do Mercosul para
quem tem mandato no Poder
Legislativo brasileiro.
"Vão dizer que isso beneficia o Mão Santa. Vai beneficiar, sim, mas também ao
Brasil. Eu sou o mais preparado para integrar essa delegação", afirma Mão Santa.
Movimentos sociais e sindicatos também fazem lobby
pela mudança de olho nas indicações para as cadeiras do
bloco -como o MST (Movimento dos Sem-Terra) e a
CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Ao mesmo tempo em que é
pressionado pelos não eleitos, Sarney recebeu de parte
dos atuais representantes do
Parlasul críticas à mudança.
"Não dá para ser parlamentar sem passar pelo crivo
das urnas", afirma o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP).
O petista integra comissão
que discute no Congresso as
alterações na resolução do
Parlasul. O grupo defende
eleições diretas para os representantes no Parlamento
a partir de 2012, junto com as
eleições municipais.
Sarney encaminhou os pedidos para análise da área jurídica do Senado.
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