DA REDAÇÃO

O ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou ontem que concordou em deixar seu posto de chefe das Forças Armadas até o final de 2004, aceitando uma exigência de uma aliança islâmica oposicionista. "Chegou o momento. Eu decidi largar o meu uniforme em dezembro de 2004", disse ele, de uniforme militar, na TV. "São decisões históricas. Ninguém ganhou ou perdeu. A democracia ganhou, e a vitória é do Paquistão."
"Um acordo foi assinado com a MMA", disse o ministro da Informação, Rasheed Ahmed, referindo-se à aliança Muttahida Majlis-e-Amal, composta por seis partidos extremistas islâmicos.
O afastamento era exigência da Comunidade Britânica para readmitir o Paquistão em seus quadros. O país foi suspenso da Comunidade Britânica em 1999, depois que um golpe militar levou Musharraf ao poder.
A MMA exigira que Musharraf abandonasse um de seus cargos: o de presidente ou o de chefe das Forças Armadas.
A aliança político-religiosa também exige que Musharraf busque o apoio do Parlamento às mudanças constitucionais que lhe deram amplos poderes, incluindo o direito de dissolver o Parlamento "se necessário".
A MMA, que conta com simpatizantes do Taleban (que controlava o Afeganistão até ser deposto por uma coalizão internacional, comandada pelos EUA, no final de 2001), conseguiu paralisar o Legislativo paquistanês nas últimas semanas por conta dessa disputa política.
Especialistas acreditam que o anúncio deva dar mais margem de manobra ao ditador paquistanês. Este sofre pressão dos EUA para conter extremistas islâmicos que atuam no norte e no noroeste do país. Por outro lado, o Exército paquistanês tem simpatia por certos grupos extremistas, que já foram usados por Islamabad contra a Índia, na Caxemira.