São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

EUA sabiam de ataque de Israel a reator nuclear sírio

WikiLeaks divulga telegrama enviado por Condoleezza Rice a embaixadas confirmando conhecimento da ação

Secretária de Estado diz que evitou compartilhar informação para tentar impedir conflito; Israel silencia sobre ataque

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um telegrama enviado pela então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a embaixadas americanas em maio de 2008 confirma pela primeira vez de forma oficial que Washington sabia do bombardeio de Israel contra um suposto reator nuclear da Síria. A ação aconteceu em setembro de 2007.
Segundo o telegrama, obtido pelo site WikiLeaks e divulgado ontem pelo jornal de Israel "Yediot Aharanot", o reator foi destruído "por completo" semanas antes de entrar em operação.
"Em 6 de setembro de 2007, Israel destruiu o reator nuclear que a Síria construía em Al Kibar, aparentemente com a ajuda da Coreia do Norte", diz o despacho.
A secretária de Estado afirma que evitou dividir essa informação "para tentar evitar um conflito" e que os especialistas em inteligência estavam convencidos de que o ataque estava dirigido contra um reator do mesmo tipo que a Coreia do Norte construiu em Yongbyon.
"Temos todas as razões para acreditar que o reator não foi construído com um objetivo pacífico", destacou.
Ela ressaltou também o segredo em torno da construção do reator e o fato de as autoridades sírias não terem convidado inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) a visitarem a usina destruída.

AUTORIDADES
A Síria sempre negou que o local atacado fosse um reator nuclear, admitindo que se tratava de uma "instalação militar em construção".
Meses depois do ataque, o então líder da oposição e atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, disse que o bombardeio havia sido uma ação de seu país. Oficialmente, contudo, o governo de Israel mantém-se em silêncio sobre o assunto.
Em seu livro de memórias "Decision Points" (momentos decisivos), lançado no mês passado, o ex-presidente George W. Bush diz que resistiu às pressões de Israel para que os americanos bombardeassem a planta.
Em julho de 2008, o então candidato à Presidência dos EUA Barack Obama havia aprovado o ataque dizendo que Israel tinha o direito de se defender.

DOCUMENTOS
A difusão do telegrama é parte de um conjunto de 3.700 documentos sobre Israel que o WikiLeaks tem em seu poder e que publicará no prazo de quatro a seis meses.
Em entrevista à TV Al Jazeera, do Catar, o fundador do site, Julian Assange, disse que a maioria dos documentos sobre Israel ainda não foi publicada. Ele afirmou que "são papéis polêmicos".
Segundo Assange, trata-se de "documentos delicados", que abordam a guerra entre Israel e a milícia libanesa Hizbollah e o assassinato de um dos líderes do grupo palestino Hamas, Mahmud al Mabhuh, supostamente por agentes de Israel.


Texto Anterior: Clóvis Rossi: O debate que o Brasil não fez
Próximo Texto: Assange: "Extradição para os EUA é impossível"
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.