São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Doadores reúnem US$ 7,6 bi e apóiam pacote de Siniora

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Enquanto os libaneses enfrentavam ontem mais um dia sangrento, representantes de 36 países reunidos na Conferência Internacional de Apoio ao Líbano, em Paris, anunciaram o compromisso de contribuir com US$ 7,6 bilhões, entre empréstimos e doações diretas, para a reconstrução do país, que teve a infra-estrutura destruída na guerra de 34 dias entre Israel e o grupo xiita Hizbollah, em julho de 2006.
A Europa vai contribuir com US$ 2,9 bilhões, quase 40% do valor integral. Os EUA destinarão US$ 770 milhões, além dos US$ 230 milhões prometidos no ano passado, e a Arábia Saudita, US$ 1,1 bilhão.
O Líbano acumula uma dívida externa de US$ 40 bilhões, ou 180% do PIB do país.
"Antes de julho do ano passado, o Líbano estava num caminho de prosperidade, com um crescimento de 6% do PIB. Por causa de Israel, hoje estamos à beira da recessão", discursou o premiê libanês, Fuad Siniora.
O discurso de Siniora, cujo governo tem o apoio dos EUA e da França -o Líbano foi protetorado francês-, conteve fortes críticas ao governo israelense. "Nunca foi visto nos últimos anos um evento tão desestabilizador como a guerra brutal e injustificada de Israel."
Israel -que lançou a ofensiva após a invasão de seu território e o seqüestro de dois de seus soldados pelo Hizbollah- também foi criticado por representantes dos países árabes.
O anfitrião, o presidente francês Jacques Chirac, evitou citar nominalmente Israel, assim como a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
A secretária americana classificou a guerra de 2006 como um "trágico evento". Na época, os EUA usaram de seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para atrasar a imposição de um cessar-fogo. A guerra acabou sem que Israel alcançasse o objetivo expresso de libertar os soldados, até hoje em poder do grupo xiita.
A conferência teve um papel político importante, de apoio ao governo libanês diante da oposição interna. Na declaração conjunta, os participantes defenderam o pacote econômico lançado pelo premiê Siniora, que promove um forte ajuste fiscal e aumenta o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), imposto regressivo.
O pacote foi, em certa medida, uma imposição para a concessão da ajuda internacional, e estipula ações como a privatização do setor de telecomunicações. Rice afirmou que a ajuda ao Líbano criará condições para que empresas privadas, como o Citibank e a Intel, contribuam para a retomada do crescimento do país.


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