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Doadores reúnem US$ 7,6 bi e apóiam pacote de Siniora
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Enquanto os libaneses enfrentavam ontem mais um dia
sangrento, representantes de
36 países reunidos na Conferência Internacional de Apoio
ao Líbano, em Paris, anunciaram o compromisso de contribuir com US$ 7,6 bilhões, entre
empréstimos e doações diretas,
para a reconstrução do país,
que teve a infra-estrutura destruída na guerra de 34 dias entre Israel e o grupo xiita Hizbollah, em julho de 2006.
A Europa vai contribuir com
US$ 2,9 bilhões, quase 40% do
valor integral. Os EUA destinarão US$ 770 milhões, além dos
US$ 230 milhões prometidos
no ano passado, e a Arábia Saudita, US$ 1,1 bilhão.
O Líbano acumula uma dívida externa de US$ 40 bilhões,
ou 180% do PIB do país.
"Antes de julho do ano passado, o Líbano estava num caminho de prosperidade, com um
crescimento de 6% do PIB. Por
causa de Israel, hoje estamos à
beira da recessão", discursou o
premiê libanês, Fuad Siniora.
O discurso de Siniora, cujo
governo tem o apoio dos EUA e
da França -o Líbano foi protetorado francês-, conteve fortes críticas ao governo israelense. "Nunca foi visto nos últimos
anos um evento tão desestabilizador como a guerra brutal e
injustificada de Israel."
Israel -que lançou a ofensiva
após a invasão de seu território
e o seqüestro de dois de seus
soldados pelo Hizbollah- também foi criticado por representantes dos países árabes.
O anfitrião, o presidente
francês Jacques Chirac, evitou
citar nominalmente Israel, assim como a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
A secretária americana classificou a guerra de 2006 como
um "trágico evento". Na época,
os EUA usaram de seu poder de
veto no Conselho de Segurança
da ONU para atrasar a imposição de um cessar-fogo. A guerra
acabou sem que Israel alcançasse o objetivo expresso de libertar os soldados, até hoje em
poder do grupo xiita.
A conferência teve um papel
político importante, de apoio
ao governo libanês diante da
oposição interna. Na declaração conjunta, os participantes
defenderam o pacote econômico lançado pelo premiê Siniora,
que promove um forte ajuste
fiscal e aumenta o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), imposto regressivo.
O pacote foi, em certa medida, uma imposição para a concessão da ajuda internacional, e
estipula ações como a privatização do setor de telecomunicações. Rice afirmou que a ajuda ao Líbano criará condições
para que empresas privadas,
como o Citibank e a Intel, contribuam para a retomada do
crescimento do país.
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