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Pró-Morales, votação no campo é alvo de acusação
DO ENVIADO A LA PAZ
Uma das grandes forças políticas do presidente Evo Morales, o amplo apoio das áreas rurais indígenas -em algumas
zonas eleitorais, chega a 100%
dos votos- tem provocado acusações de coação contra o partido governista MAS (Movimento ao Socialismo).
Já os oficialistas defendem o
voto comunitário argumentando que ele tem origem em antigos costumes indígenas, segundo os quais as decisões são tomadas coletivamente.
Com 38% da população no
campo, o voto rural tem mais
peso na Bolívia do que nos demais países da região. Esse índice é ainda maior no altiplano,
onde Morales tem mais apoio e
a população urbana é de 35%.
Os votos das comunidades
rurais, aonde os institutos de
pesquisa não chegam, são os
principais responsáveis pelas
"surpresas" na eleição presidencial de 2005, quando Morales venceu no primeiro turno, e
no referendo realizado em
agosto, que o ratificou no cargo
com 67% dos votos válidos.
O principal argumento da
oposição é um levantamento
feito pela OEA (Organização
dos Estados Americanos) no
referendo de agosto, segundo o
qual houve violações ao voto
secreto em 9% das seções.
"Não faz parte dos costumes
bolivianos líderes da comunidade, com chicotes na mão, lhe
obrigarem a mostrar a cédula.
É uma fraude que nem sequer
precisa de dinheiro nem de outros subterfúgios. É simples e
pura intimidação e agressão
por parte de estruturas de governo para distorcer as vontades", disse à Folha o líder opositor e ex-presidente Jorge
"Tuto" Quiroga.
A acusação foi rechaçada pelo ministro do Desenvolvimento Rural, Carlos Romero. Para
ele, o voto maciço no campo se
deve ao crescimento "do nível
de consciência política".
"Isso está à margem de qualquer tipo de coerção. O MAS
não precisa pressionar, porque
as comunidades se reúnem e
decidem tudo de maneira orgânica, disciplinada e por vontade própria", disse, por telefone.
Segundo o sociólogo Fernando Mayorga, em algumas regiões, as comunidades costumam se reunir em assembleia
para escolher o prefeito, os vereadores e até a qual partido
deveriam se filiar. As eleições,
nesses casos, apenas oficializam essas decisões.
Mayorga, professor da Universidade Pública Maior de San
Simón (Cochabamba), diz que
o MAS tem se aproveitado dessa prática ao ser o único partido com presença na área rural,
mas que, em alguns casos, tem
havido coerção, principalmente por meio da violação do voto
secreto.
(FM)
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