São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

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"Digitais" formam exército "Obama 2.0"

DE WASHINGTON

Quando Don Tapscott chama Barack Obama de primeiro presidente digital, o estudioso canadense não está usando apenas uma frase de efeito.
Até a conclusão desta edição, cerca de meio milhão de pessoas havia assistido no YouTube ao programa semanal de Barack Obama de sábado, sua estreia como presidente empossado. É o primeiro pronunciamento do tipo posto simultaneamente no endereço oficial do governo americano e o no site para compartilhar vídeos.
Sob Bill Clinton (1993-2001), entrou no ar o primeiro site da Casa Branca, em outubro de 1994. George W. Bush (2001-2009) foi o primeiro presidente a ter de aposentar o e-mail pessoal ao chegar ao poder, em janeiro de 2001 (G94B@aol.com, suas iniciais e o ano em que se elegeu governador no Texas).
Em termos tecnológicos, Obama foi pioneiro em todo o resto. Não só por conta do pronunciamento no YouTube ou pelo fato de sua escolha de vice ter sido comunicada por mensagem de celular. Depois de muita luta, o democrata conseguiu levar seu celular multitarefa para a Casa Branca, feito inédito. O aparelho, um BlackBerry, está sendo adaptado para seguir as normas de segurança do governo, e as mensagens serão recebidas e enviadas para uma lista autorizada.
Quer dizer, mesmo que o endereço caia na rede, quem escrever ao presidente terá a mensagem recusada. Além disso, os e-mails serão projetados -uma cópia em imagem do original-, para evitar que sejam reencaminhados a destinatários não-autorizados. E a lista de remetentes tem de passar pelo crivo do departamento jurídico da Presidência.
De qualquer maneira, como disse o próprio Obama, será uma maneira de furar a "bolha" em que o líder é colocado tão logo faz o juramento. A equipe que chega ao poder com ele também faz seus furos na redoma oficial. Mais da metade dos funcionários que Obama leva para a Casa Branca e o prédio executivo anexo são mais novos que o presidente, aos 47 o quarto mais jovem da história.
Esse time de "digitais" quer continuar a frequentar sites como Facebook, LinkedIn, Twitter, MySpace, YouTube, todos proibidos pelo sistema de segurança do Executivo. Não é uma questão só de lazer, mas um hábito de trabalho. Essa mesma equipe, quando na campanha do então candidato democrata, arregimentou um exército digital de 13 milhões de nomes.
A lei proíbe que o presidente faça uso dessa cobiçada lista de e-mails, daí o então presidente eleito ter criado dias antes de assumir a organização "Obama 2.0", para os abrigar. Esta será ligada ao comando do Partido Democrata e convocará a lista sempre que a agremiação julgar necessária uma mobilização -digamos, a favor de uma lei apoiada pelo presidente ou contra um grupo político que emperra no Congresso uma medida de seu interesse. (SD)


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