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Primo de Saddam é enforcado no Iraque
Assessor conhecido como "Ali Químico" exterminou milhares de civis com gás
Pena capital é aplicada uma semana depois de genocida sunita ser condenado à morte pela quarta vez; premiê, xiita, comemora
DA REDAÇÃO
O governo iraquiano anunciou ter executado ontem por
crimes contra a humanidade
Ali Hassan al Majid, primo do
ex-ditador Saddam Hussein e
um dos homens mais poderosos do antigo regime.
Majid, conhecido como "Ali
Químico" por ter orquestrado a
execução de milhares de pessoas com gases mostarda, sarin
e VX, foi enforcado na manhã
de ontem em um lugar não
identificado de Bagdá. O corpo
será entregue à família.
Um porta-voz do governo
disse que Majid não foi insultado nem submetido a abusos enquanto era levado à forca, diferentemente do ocorrido em
2006 na execução de Saddam
Hussein, que passou os últimos
instantes de vida ouvindo xingamentos de várias pessoas na
sala de execução.
A cena, filmada e divulgada
no mundo todo, revoltou os sunitas do país -facção minoritária à qual pertencia Saddam.
Dias depois, um meio-irmão do
ditador foi decapitado, por um
erro no enforcamento.
Majid foi executado uma semana depois de receber a quarta condenação à morte, por um
ataque com gás contra a cidade
curda de Halabja que matou ao
menos 5.000 pessoas.
Segundo relato dos sobreviventes do massacre, a passagem dos aviões do governo deixava no ar um forte cheiro de
maçã podre. Em seguida, as
pessoas caíam pelas ruas umas
depois das outras.
Preso cinco meses depois da
invasão americana que derrubou o regime de Saddam, em
2003, Ali Químico também fora condenado à morte pelo assassinato de dezenas de xiitas
em fevereiro de 1999; pelo genocídio de curdos em Anfal, em
1988; e pela repressão à rebelião xiita em áreas do sul do Iraque em 1991. Trâmites legais
haviam impedido a aplicação
dessas três sentenças.
Majid encarava armas químicas como a melhor ferramenta
para exterminar em larga escala oposicionistas e separatistas.
Nascido e criado na mesma
aldeia que Saddam, com quem
tinha grande semelhança física,
Majid era motoboy do Exército
quando o primo mais velho
participou do golpe que levou o
partido socialista Baath ao poder, em 1968.
Quando Saddam derrubou o
então chefe de governo e tomou o poder, em 1979, Majid
integrou a cúpula do poder no
Iraque. Foi ministro da Defesa
e do Interior, e chefe do aparato
de inteligência que aterrorizou
os iraquianos por décadas.
Majid também foi escolhido
por Saddam para dirigir o Kuait
nos meses em que tropas iraquianas ocuparam o país vizinho, de onde foram expulsas
pelos EUA e aliados em 1991.
A notícia da execução foi recebida com euforia no Curdistão, Província autônoma que
concentra a minoria curda, arqui-inimiga de Saddam.
O governo iraquiano, dominado por xiitas, também comemorou a sentença. "Justiça foi
feita contra um dos homens
mais horríveis do antigo regime", disse o premiê Nuri al Maliki, que tentará se manter no
cargo nas eleições de março.
Com agências internacionais
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