São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Primo de Saddam é enforcado no Iraque

Assessor conhecido como "Ali Químico" exterminou milhares de civis com gás

Pena capital é aplicada uma semana depois de genocida sunita ser condenado à morte pela quarta vez; premiê, xiita, comemora


DA REDAÇÃO

O governo iraquiano anunciou ter executado ontem por crimes contra a humanidade Ali Hassan al Majid, primo do ex-ditador Saddam Hussein e um dos homens mais poderosos do antigo regime.
Majid, conhecido como "Ali Químico" por ter orquestrado a execução de milhares de pessoas com gases mostarda, sarin e VX, foi enforcado na manhã de ontem em um lugar não identificado de Bagdá. O corpo será entregue à família.
Um porta-voz do governo disse que Majid não foi insultado nem submetido a abusos enquanto era levado à forca, diferentemente do ocorrido em 2006 na execução de Saddam Hussein, que passou os últimos instantes de vida ouvindo xingamentos de várias pessoas na sala de execução.
A cena, filmada e divulgada no mundo todo, revoltou os sunitas do país -facção minoritária à qual pertencia Saddam. Dias depois, um meio-irmão do ditador foi decapitado, por um erro no enforcamento.
Majid foi executado uma semana depois de receber a quarta condenação à morte, por um ataque com gás contra a cidade curda de Halabja que matou ao menos 5.000 pessoas.
Segundo relato dos sobreviventes do massacre, a passagem dos aviões do governo deixava no ar um forte cheiro de maçã podre. Em seguida, as pessoas caíam pelas ruas umas depois das outras.
Preso cinco meses depois da invasão americana que derrubou o regime de Saddam, em 2003, Ali Químico também fora condenado à morte pelo assassinato de dezenas de xiitas em fevereiro de 1999; pelo genocídio de curdos em Anfal, em 1988; e pela repressão à rebelião xiita em áreas do sul do Iraque em 1991. Trâmites legais haviam impedido a aplicação dessas três sentenças.
Majid encarava armas químicas como a melhor ferramenta para exterminar em larga escala oposicionistas e separatistas.
Nascido e criado na mesma aldeia que Saddam, com quem tinha grande semelhança física, Majid era motoboy do Exército quando o primo mais velho participou do golpe que levou o partido socialista Baath ao poder, em 1968.
Quando Saddam derrubou o então chefe de governo e tomou o poder, em 1979, Majid integrou a cúpula do poder no Iraque. Foi ministro da Defesa e do Interior, e chefe do aparato de inteligência que aterrorizou os iraquianos por décadas.
Majid também foi escolhido por Saddam para dirigir o Kuait nos meses em que tropas iraquianas ocuparam o país vizinho, de onde foram expulsas pelos EUA e aliados em 1991.
A notícia da execução foi recebida com euforia no Curdistão, Província autônoma que concentra a minoria curda, arqui-inimiga de Saddam.
O governo iraquiano, dominado por xiitas, também comemorou a sentença. "Justiça foi feita contra um dos homens mais horríveis do antigo regime", disse o premiê Nuri al Maliki, que tentará se manter no cargo nas eleições de março.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Aliado de Chávez há uma década, vice renuncia
Próximo Texto: Atentados contra três hotéis deixam 36 mortos em Bagdá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.