São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Se revolução chegar ao grande produtor, um cenário de pesadelo será desenhado PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO A revolução árabe está completando dois meses e, por enquanto, não chegou até a Arábia Saudita, para alívio dos mercados mundiais. Mas está se aproximando. O cenário de pesadelo é uma ruptura em Bahrein, perigosamente próximo da Arábia Saudita. "Por enquanto, a crise está no quintal dos sauditas; se chegar em Bahrein, estará na sala de estar", diz Joyce Karam, especialista em Oriente Médio do jornal saudita "Al-Hayat". Se Bahrein cair, será a primeira peça do golfo a desmoronar. Até agora, a instabilidade só afetou países não relevantes do ponto de vista de fornecimento de petróleo, como Egito e Tunísia, ou pouco relevantes, como a Líbia, que responde por cerca de 2% da oferta mundial. Se a turbulência alcançar Bahrein, "sala de estar" dos sauditas, o apocalipse começa a se desenhar. A Arábia saudita detém 20% das reservas mundiais de petróleo, é o segundo maior exportador do mundo. Por enquanto, o reino tem escapado de turbulências. O rei Abdullah já baixou seu pacote antiprotesto, de ajuda de US$ 36 bilhões. E ele é muito popular. Mas se a maioria oprimida xiita do Bahrein instabilizar o país, isso pode açular a minoria xiita oprimida da Arábia Saudita. E no equilíbrio de poder do Oriente Médio, uma Arábia Saudita mais fraca significa um Irã potencialmente mais forte. Os EUA escalaram sua ofensiva diplomática para conter o contágio no golfo. A secretária de Estado Hillary Clinton acaba de enviar Jeff Feltman, encarregado de Oriente Médio, para o Bahrein. O país abriga a Quinta Frota americana -o contraponto para as ambições expansionistas do Irã na região. O rei Hamad do Bahrein tentou conter à força as revoltas populares. Não funcionou. Dezenas de milhares de manifestantes continuam acampados na praça Pérola, na capital Manama. Em um país de 525 mil habitantes, é impressionante. Uma estrada de apenas 25 quilômetros separa o Bahrein da Arábia Saudita. Para não falar da internet, que não representa distância alguma, já que não é muito censurada no reino saudita. Se a turbulência alcançar a Arábia Saudita, barril de petróleo a US$ 120 vai ser pechincha. Texto Anterior: Saiba mais: Tipos diferentes de óleo definem preços mundiais Próximo Texto: Clóvis Rossi: Obama, índios e o Oriente Médio Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |