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UE mostra divisão na festa dos 50 anos
Alemanha estabelece cronograma para novo tratado, a ser aprovado em 2009, mas República Tcheca e Polônia já se opõem
Chanceler alemã Merkel, anfitriã do cinqüentenário, diz ser possível superar em
dois anos a crise aberta em 2005 por França e Holanda
Jens Meyer/Associated Press
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Merkel e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, soltam balões em Berlim |
RENATE KRIEGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BERLIM
Apesar de fortes objeções da
Polônia e da República Tcheca,
Angela Merkel, chanceler alemã e presidente em exercício
da União Européia, afirmou
ontem que será possível retomar o processo de integração
do bloco de 27 países e aprovar
até 2009 um novo tratado de
reforma e consolidação das instituições internas.
Merkel assinou a "Declaração de Berlim" com o presidente da Comissão da UE, José
Manuel Durão Barroso, e o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering. O
documento prevê a retomada
do processo constitucional, referência à Constituição elaborada em 2004, que em 2005 foi
rejeitada em plebiscitos na
França e Holanda.
Segundo a chanceler, até o
fim de 2007 a presidência portuguesa, que presidirá o bloco
no segundo semestre, poderá
organizar uma conferência intergovernamental. "Espero que
os portugueses possam preparar essa conferência com base
nos resultados do Conselho
Europeu [presidentes e primeiros-ministros] de junho", afirmou a chanceler.
Disse ainda que deixará um
"roteiro" para a retomada do
processo. A conferência intergovernamental mobilizará as
instâncias que os 27 países-membros usam para modificar
os dispositivos legislativos que
regem o bloco. O processo serviria, na visão otimista de Merkel, para tirar a UE da paralisia.
A "necessidade de união" do
bloco, em crise de meia-idade,
deu o tom das festividades do
cinqüentenário da UE na capital alemã. As duas páginas da
Declaração de Berlim foram
ajustadas até a noite de sábado,
evidenciando as diferenças dos
países-membros sobre as questões em jogo. A Espanha, por
exemplo, pediu o acréscimo da
imigração ilegal na lista de problemas, ao lado do terrorismo e
do crime organizado.
Tchecos e poloneses
As negociações mais difíceis
foram com a República Tcheca.
Apesar de ter endossado o documento, seu presidente, Vaclav Klaus, voltou ontem a criticar Angela Merkel. Ele afirmou que "falta um debate democrático. Não é possível fazer
as coisas assim". Ele havia
mencionado a "falta de transparência" da chanceler alemã
na elaboração de um documento "feito a portas fechadas".
"Receber um texto 24 horas
antes do início do encontro foi
um problema muito grande",
continuou Klaus. A seu ver,
2009 significa um prazo "irrealista" de ratificação.
Por sua vez, o presidente polonês, Lech Kaczynski disse
que "o objetivo é bonito, mas a
meu ver inalcançável". Referiu-se à inutilidade "de mudar apenas vírgulas" no texto de 2004 e
afirmou ser necessário mudar o
sistema interno de votação.
Questionada por jornalistas,
Merkel defendeu a discrição.
"O método de trabalho foi eficaz. Claro que não podemos fazer tudo às escondidas, mas o
debate excessivo acaba privilegiando os interesses individuais de cada país", rebateu.
Texto generalizante
Com o objetivo de quebrar o
"euroceticismo" dos cidadãos e
aumentar flexibilidade do bloco, a Declaração de Berlim relembra, num texto curto e generalizante, a paz e a estabilidade como as maiores conquistas
dos 50 anos da União Européia.
A declaração também aponta
para os desafios futuros, tanto
no contexto da economia quanto no da política estrangeira.
Num exercício estilístico delicado, o texto evita tocar em termos como "Tratado Constitucional". "Cinquenta anos após a
assinatura dos Tratados de Roma, temos o objetivo de dotar a
União Européia de uma base
comum e renovada até as eleições parlamentares [Parlamento Europeu] de 2009."
Em resposta à reprimenda
do papa Bento 16 quanto à
omissão de referências religiosas na declaração, Angela Merkel concordou com o pontífice.
"O conceito de humanidade do
continente é resultado das raízes judaico-cristãs da Europa",
disse a chanceler alemã. "Pessoalmente, acho que deveria
ser permitida a menção às origens religiosas, mas temos culturas muito diferentes [na
União Européia]".
Angela Merkel é do partido
CDU, (União Cristã Democrata
alemã), o mesmo do ex-chanceler Konrad Adenauer.
Com agências internacionais
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