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Governo com radical põe em risco parceria com Egito
Agenda direitista abala acordo assinado há 30 anos
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A chegada ao poder em Israel
de um governo dominado por
partidos da direita ameaça estremecer as relações entre o
Egito e o Estado judeu, normalizadas há exatos 30 anos em
acordo que sustentou boa parte
dos esforços diplomáticos regionais desde então.
O Cairo não esconde a irritação com a escolha para chanceler do ultradireitista Avigdor
Liberman, que, no ano passado,
mandou "ao inferno" o ditador
egípcio Hosni Mubarak caso
ele não visitasse Israel.
Nomeado na semana passada
pelo virtual premiê Binyamin
Netanyahu, Liberman já era
detestado no Egito por ter sugerido, em 1999, que a represa
de Assuã, no Nilo, fosse bombardeada para inundar o país.
Em resposta, Mubarak ignorou as celebrações do 30º aniversário da paz com Israel, que
passou em branco no Egito.
O Cairo também está preocupado com o próprio Netanyahu, cuja agenda contraria os esforços da diplomacia egípcia,
com apoio americano, para
apaziguar a região.
O virtual premiê rejeita a solução de dois Estados para o
conflito israelo-palestino, norte das negociações desde 1993.
Netanyahu também quer mudar a política em relação ao Hamas, grupo radical que controla
Gaza há quase dois anos.
Em vez de usar o canal egípcio para conversar com o inimigo sobre temas como troca de
prisioneiros, como fez o ainda
premiê Ehud Olmert, Netanyahu defende aniquilar a facção.
Foi no período em que Netanyahu governou Israel pela
primeira vez (1996-99) que a
relação viveu seu pior momento. "Pode haver uma nova guerra fria entre os dois países, como no primeiro mandato de
Netanyahu", diz o analista israelense Imad Gilad.
Aliança antissoviética
Setores no Egito pressionam
pela revisão da paz assinada pelo presidente Anuar Sadat (Egito) e pelo premiê Menachem
Begin (Israel) em 26 de março
de 1979. O objetivo comum era
evitar uma nova guerra entre os
dois países mais bem armados
da região, além de selar uma
aliança antissoviética sob a égide da Casa Branca -os dois países estão hoje entre os que mais
recebem dinheiro dos EUA.
O resultado foi ambivalente.
Begin enfureceu muitos israelenses por peitar a histórica
desconfiança em relação aos
árabes. E, embora tenha obtido
a primeira aceitação do Estado
judeu pelos vizinhos, só a Jordânia seguiu o passo, em 1994.
Sadat pagou com a própria
vida. Odiado pelo pacto com o
"inimigo sionista", foi assassinado em 1981 a mando de radicais islâmicos. Assumiu o então
vice Mubarak, que até hoje contraria os egípcios por aliar-se a
Israel, como na recente ofensiva em Gaza, contra o Hamas
-ligado ao maior grupo de oposição religiosa no Egito.
A paz israelo-egípcia não foi
além de interesses pontuais. O
comércio bilateral é insosso, e a
prometida cooperação técnica
e cultural nunca decolou.
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