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Venezuela detém dono de TV crítica a Chávez
Guillermo Zuloaga, proprietário da Globovisión, é impedido de deixar país por "vilipendiar" presidente em evento de imprensa
Em audiência, juiz decide soltar empresário e reforça proibição de viagem; TV é a única de sinal aberto a fazer linha crítica ao governo
Fernando Liano - 4.jun.09/Associated Press
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Guilhermo Zuloaga, dono da TV Globovisión, deixa sede da Procuradoria-Geral da Venezuela, em Caracas, em junho do ano passado
DA REDAÇÃO
O proprietário da emissora
Globovisión, crítica ao governo
da Venezuela, foi detido ontem
após criticar o presidente Hugo
Chávez devido ao suposto cerceamento da liberdade de expressão em um evento da SIP
(Sociedade Interamericana de
Imprensa) no fim de semana.
Ele foi solto à noite.
Guillermo Zuloaga foi detido
por agentes da Inteligência militar do país em um aeroporto
no Estado de Falcón (noroeste)
quando se preparava para voar,
em avião particular, para a ilha
de Bonaire -território holandês perto da Venezuela.
O Ministério Público alegou
temor de que Zuloaga saísse do
país para pedir à Justiça a sua
prisão, com base em denúncia
de um deputado governista que
o acusou de "vilipendiar" o presidente venezuelano no evento
da SIP, que ocorreu em Aruba.
No encontro, o dono da Globovisión disse que "não se pode
falar de liberdade de expressão
em um país quando o governo
usa a força para calar a mídia",
segundo um relato da imprensa
oficial. "O presidente Chávez
venceu as eleições e tem legitimidade em sua origem, mas
tem se focado em ser o presidente de um grupo de venezuelanos e tentado dividir o país."
Segundo a procuradora-geral
Luisa Ortega, "[deputados]
consideraram que as declarações num fórum internacional
contra o presidente da República foram ofensivas e desrespeitosas com o chefe de Estado".
"Eu não tinha intenção de
deixar a Venezuela. Eu estava
indo para Bonaire para a Semana Santa", disse Zuloaga após
sua detenção, no aeroporto em
Falcón, à sua própria emissora.
O empresário foi levado a Caracas e interrogado por mais de
duas horas, sob risco de ser indiciado por delito que acarreta
até cinco anos de prisão. O juiz
decidiu colocá-lo em liberdade,
mas emitiu nova medida cautelar que o proíbe de sair do país.
Em julho do ano passado, a
Justiça venezuelana já proibira
Zuloaga, 67, de deixar o país,
sob acusações de fraude, e ordenara que ele se apresentasse
aos tribunais a cada oito dias. A
residência do empresário ainda
foi alvo de buscas pela polícia.
O atrito entre Zuloaga e o governo tem origem na linha acidamente crítica ao presidente
venezuelano. Em 2002, a Globovisión apoiou fracassado golpe contra Chávez, e, no começo
deste ano, a saída do diretor-geral da TV gerou especulações
sobre suposta decisão da emissora de atenuar sua oposição.
Dias depois, Alberto Ravell
afirmou que havia sido forçado
a deixar o cargo devido a pressões do governo. A emissora, a
única de sinal aberto que mantém oposição a Chávez, no entanto, negou e disse que seguiria empregando linha crítica.
Repressão
A prisão do empresário ocorre apenas três dias depois da
detenção do ex-governador do
Estado de Zulia, Oswaldo Álvarez Paz, que afirmara em entrevista à Globovisión no começo
deste mês que a Venezuela havia se transformado em um paraíso para o tráfico de drogas.
No mês passado, o governo
rejeitou a volta ao ar da TV por
assinatura RCTV, que manifestara disposição em se ajustar às
novas normas baixadas por Caracas que haviam motivado sua
saída do ar em dezembro. O sinal aberto da TV, também crítica ao presidente Chávez, não
havia sido renovado em 2007.
As medidas alimentam suspeitas de um aumento no cerco
a dissidentes e à imprensa em
momento que o país passa por
séria crise energética, que debilita a popularidade de Chávez.
Com agências internacionais
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