São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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outro lado

Vaticano nega encobrimento e vê ataque a papa

DE NOVA YORK

Em comunicado enviado ao "New York Times", o Vaticano admite que Lawrence Murphy cometeu abusos contra estudantes surdos na cidade de Milwaukee, mas atribui a falta de um julgamento canônico à demora dos bispos americanos para denunciar o caso à Igreja -mais de 20 anos após o afastamento do padre da escola.
"O trágico caso do padre Lawrence Murphy, da Arquidiocese de Milwaukee, envolveu vítimas especialmente vulneráveis, que sofreram terrivelmente com o que ele fez. Ao abusar de crianças surdas, o padre Murphy violou a lei e, mais importante, a sagrada confiança que as vítimas nele depositavam", afirma a igreja.
No entanto, diz o texto, à época em que foi feito o pedido por um julgamento canônico -a primeira carta é de 1996, e os abusos foram cometidos entre 1950 e 1974- o padre Murphy "estava vivendo em reclusão e sem que nenhuma alegação de abuso tivesse sido relatada em mais de 20 anos".
Por isso, a Congregação da Doutrina e da Fé (então dirigida por Ratzinger) sugeriu que o arcebispo considerasse, "por exemplo, restringir o sacerdócio público de Murphy e exigir que ele se responsabilizasse pela gravidade dos seus atos". "O padre morreu aproximadamente quatro meses depois, sem mais incidentes", conclui o Vaticano.
Ontem, editorial publicado no jornal do Vaticano atacou a mídia e voltou a negar que tenha havido qualquer tentativa de esconder o caso.
"A tendência que predomina na mídia é a de ignorar os fatos e forçar interpretações com a intenção de propagar a imagem da Igreja Católica como a única responsável pelo abuso sexual, algo que não corresponde à realidade", diz o texto.
O editorial afirma ainda ter havido "claramente uma tentativa ignóbil de atacar o papa Bento 16 e seus assessores mais próximos a qualquer custo. Não houve encobrimento do caso padre Murphy".


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