São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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"EIXO DO MAL"

Líder supremo manifesta desejo de dividir criticado programa atômico, a 3 dias de acabar prazo dado pela ONU

Irã agora quer exportar tecnologia nuclear

DA REDAÇÃO

À medida em que se aproxima o prazo dado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que o Irã suspenda seu programa nuclear, na próxima sexta-feira, a república islâmica aumenta o tom de confronto com o Ocidente. Ontem foi a vez do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se pronunciar sobre o assunto, afirmando que o país está disposto a dividir seu desenvolvimento nuclear com outros países.
A declaração foi feita pelo aiatolá a Omar al Bashir, presidente do Sudão, um dos países mais instáveis da África. "A capacidade nuclear do Irã é um exemplo das muitas capacidades científicas do país. A República Islâmica do Irã está disposta a transferir a experiência, conhecimento e tecnologia de seus cientistas", disse Khamenei durante o encontro, realizado em Teerã.
Em Ancara, na Turquia, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, manifestou preocupação com a intenção iraniana e disse que o país cada vez se isola mais. "Esse é um de nossos temores, de que haveria esse tipo de fuga de tecnologia", disse Rice, cujo governo tem liderado a campanha para isolar o Irã com sanções devido a sua recusa em atender às recomendações da ONU para que suspenda seu programa nuclear.
O prazo dado pela AIEA para que a república islâmica colabore termina na próxima sexta-feira, quando o chefe da agência, Mohamed el Baradei, entregará seu relatório ao Conselho de Governadores do organismo e ao Conselho de Segurança da ONU.
Não há consenso entre os membros do CS com direito a veto -EUA, Reino Unido, França, Rússia e China- sobre o próximo passo a ser dado para aumentar a pressão sobre a república islâmica. Ontem, a China rejeitou a proposta dos EUA de ordenar o Irã a cooperar com base no Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que prevê a aplicação de sanções e até de ação militar. Além de China, a Rússia também tem se mostrado contrária a sanções.
O principal negociador nuclear iraniano, Ali Larijani, dirigiu-se ontem aos países que pressionam o Irã para advertir que o Irã suspenderá suas relações com a AIEA caso sofra punições. "Suspensão significa que aceleraremos nossas atividades [nucleares]", disse Larijani, acrescentando que o país poderá manter seu programa nuclear oculto se continuar sob pressão. "Se vocês tomarem medidas duras nós esconderemos este programa. Se vocês usarem a linguagem da força, não esperem que ajamos de forma transparente."
Na mesma conferência internacional sobre a política nuclear do Irã, na capital, o influente ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani recorreu a uma imagem bélica para afirmar que é tarde demais para deter as pretensões nucleares do país. "A tecnologia nuclear do Irã é como uma bala que já saiu do gatilho. É impossível fazê-la voltar", disse Rafsanjani.


Com agências internacionais

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