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Petrolíferas fazem acordo com Chávez
Das multinacionais que atuam na região do rio Orinoco, só uma não assina contrato de transferência de controle acionário
Decreto do presidente venezuelano determinou em fevereiro que estatal PDVSA passasse a ter 60% em associações estratégicas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo venezuelano e cinco empresas multinacionais
petrolíferas fecharam ontem
memorandos de entendimento
pelos quais a estatal PDVSA
passará a ter o controle acionário dos quatro projetos petroleiros bilionários na faixa do rio
Orinoco, considerada a maior
reserva mundial de hidrocarbonetos. Essas operações não
envolvem a Petrobras.
Das empresas que operam no
Orinoco, apenas a norte-americana ConocoPhilips não havia
encerrado as negociações ontem -o prazo vence na próxima terça-feira, dia 1º de maio.
Nesse dia, o presidente Hugo
Chávez deve comandar um
grande evento na região.
"Nesse dia, o Estado venezuelano, por intermédio da
PDVSA, assumirá o controle
operativo de todas essas operações", disse ontem o presidente
da estatal venezuelana, Rafael
Ramírez, que também é ministro de Energia e Petróleo.
Além das empresas que já exploram o petróleo no Orinoco,
a PDVSA assinou ainda com
multinacionais novos acordos
de exploração de risco relacionados a empreendimentos menores e um novo acordo para
uma associação estratégica para exploração de betume.
Ao todo, dez empresas firmaram novos acordos com a estatal venezuelana ontem. Junto
com a ConocoPhilips, ficou de
fora a empresa italiana Eni-Dacion, que não renovou um contrato de risco compartilhado
num bloco no leste do país.
O controle acionário da
PDVSA nas quatro associações
estratégicas na região do Orinoco foi determinado por um
decreto presidencial do dia 26
de fevereiro. A medida previa a
migração dos contratos atuais
para empresas mistas, nas
quais a estatal venezuelana terá
pelo menos 60% de participação. Também foram incluídos
acordos de exploração de risco
compartilhado.
O decreto foi assinado sob a
Lei Habilitante, instrumento
legal dado a Chávez pela Assembléia Nacional que lhe permite legislar por decreto em 11
temas, entre os quais o energético.
A tomada do controle acionário da faixa do Orinoco faz parte de um ambicioso projeto de
Chávez, denominado Colheita
Petroleira, que prevê o crescimento da produção dos atuais
622 mil barris diários para 1,2
milhão até 2012. A previsão é
que sejam necessários investimentos de US$ 15 bilhões para
cumprir essa meta.
Mesmo roteiro
De acordo com analistas ouvidos pela Folha, o atual processo de migração de contratos
repetiu o que havia ocorrido
em 2005. Até o final daquele
ano, 32 campos petrolíferos
-quatro com participação da
Petrobras- passaram ao controle acionário venezuelano,
com 60% para a PDVSA.
O controle acionário do Estado na exploração de hidrocarbonetos está previsto desde
2001, quando foi promulgada a
Lei Orgânica de Hidrocarbonetos, já no governo Chávez. O
objetivo era renegociar os contratos assinados durante o período conhecido como de
"abertura petrolífera" ao capital privado, entre 1992 e 1997.
Para o analista do setor de
petróleo Rafael Quiróz, os novos acordos trazem benefícios
para os dois lados, já que a Venezuela precisa de capital internacional para o setor, e as
empresas estrangeiras asseguram a sua permanência como
sócias minoritárias na maior
reserva de hidrocarbonetos do
mundo. "A empresa petrolífera
nunca perde. Alguém disse que
o melhor negócio do mundo é
uma empresa petrolífera bem
administrada, e o segundo melhor negócio do mundo é uma
empresa petrolífera mal administrada", afirmou Quiróz, um
crítico da PDVSA sob Chávez.
Elio Ohed, editor da publicação especializada "Petroleum
World", diz que os resultados
das negociações são "positivos"
e afirma que não houve maior
radicalização do governo em
comparação ao que foi feito ao
longo de 2005.
De acordo com Ohed, as
principais diferenças estão na
natureza dos contratos negociados há dois anos e os da faixa
do Orinoco, já que os primeiros
se referem a campos maduros,
com pouco grau de investimento. Já os acordos assinados ontem envolvem um processo
complexo e caro para o refino
do petróleo ultrapesado do
Orinoco, além de investimentos para abertura de novos
campos.
Colaborou MAIRIM UNAMO
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