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Tchernobil faz 25 anos em meio à volta do temor nuclear
Desastre em Fukushima, no Japão, reaviva desconfianças
provocadas pelo acidente na usina da Ucrânia, em 1986
Presidentes ucraniano e
russo irão ao local; para
especialista, tragédia se
agravou quando a URSS
escondeu informações
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Em meio a protestos de
países como a Alemanha e o
Japão contra a energia nuclear, o acidente da usina de
Tchernobil -no norte da
Ucrânia, região pertencente
à então União Soviética-
completa hoje 25 anos.
O desastre já havia voltado
à mídia após o vazamento na
usina de Fukushima, no Japão, atingida pela combinação de terremoto e tsunami
que devastou o nordeste japonês em 11 de março.
Mas a data está sendo lembrada sem muito "alvoroço"
na Ucrânia. O presidente do
país, Viktor Yanukovich, deve visitar hoje a usina de
Tchernobil em memória das
vítimas. O presidente russo,
Dmitri Medvedev, também
deve comparecer.
"Lembro das pessoas chorando nas ruas. No dia seguinte ao acidente, ônibus
começaram a sair da cidade", conta a professora Svetlana Nycolayevna Dygun.
O relato dela é uma das 25
histórias publicadas no site
da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em
homenagem às vítimas.
Até hoje não se sabe com
precisão a quantidade de
mortos e de contaminados
pela radiação da usina.
Estima-se que cerca de 50
pessoas tenham morrido diretamente pelos efeitos das
partículas radioativas emitidas com a explosão do reator
4 da usina de Tchernobil.
"O problema foi que o governo soviético tentou esconder o acidente e a população
ficou muito exposta", diz o
engenheiro nuclear Leonam
Guimarães, da Eletrobras.
O reator 4 da usina de
Tchernobil, construída pela
União Soviética na década de
70, explodiu em 26 de abril
de 1986. O acidente é considerado o pior do mundo pela
classificação da AIEA.
Hoje, os destroços da usina -incluindo reatores ainda com combustível nuclear
e o sarcófago de concreto e
chumbo que cobriu o reator
4- são pontos turísticos.
Uma nova catacumba, financiada pela União Europeia, deve começar a ser
construída até 2012.
FANTASMAS
Até hoje, Tchernobil e vizinhança ainda têm regiões
"fantasmas". Segundo a
AIEA, pelo menos cem vilarejos foram abandonados com
o acidente: cerca de 100 mil
pessoas deixaram a área.
Cientistas seguem estudando os efeitos da radiação
de Tchernobil. O Unscear,
uma espécie de "IPCC da radiação", divulgou relatório
mostrando, por exemplo,
que a incidência de câncer de
tireoide em crianças aumentou sete vezes em Belarus.
Para Guimarães, é "infeliz
coincidência" que os 25 anos
de Tchernobil aconteçam
quando o mundo está atento
a Fukushima. "Criou-se uma
ideologia antinuclear."
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