DA REUTERS

Cerca de um quarto da população italiana deve participar das eleições locais no país, realizadas ontem e hoje, o que torna a votação chave para testar o apoio ao primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. Seu governo de centro-direita está completando um ano.
Analistas políticos dizem também que os votos para prefeitos e conselhos municipais em 147 localidades serão um forte reflexo de questões mais regionais.
"O elemento mais importante nestas eleições é o candidato individual", afirma Renato Manheimer, cientista político da Universidade de Gênova. "Mas não há dúvida de que as eleições irão determinar quem conquistou mais poder e em qual direção irá o debate político nacional", disse.
Cerca de 11 milhões de cidadãos italianos podem participar do pleito, no qual o comando das cidades de Gênova, Reggio Calabria, Parma e Verona, entre outras, está sendo disputado.
A eleição ocorre um ano depois que a aliança comandada por Berlusconi conquistou sólida maioria na Câmara dos Deputados e pouco mais de metade das vagas no Senado com promessas de amplas reformas econômicas.
O governo passou uma série de projetos econômicos e jurídicos pelo Parlamento, mas as principais reformas delineadas pelo premiê, como a revisão do sistema de aposentadoria e do mercado de trabalho, além da redução de impostos, não viraram lei.
"A eleição certamente será um teste, mesmo que parcial, do grau de apoio ao governo após um ano no poder", disse Manheimer.
As campanhas foram surpreendentemente calmas, com Berlusconi participando de apenas um comício, na Sardenha, onde o premiê tem uma casa.
O premiê diz estar tentando reduzir a temperatura política. Críticos, entretanto, dizem que ele quer minimizar a importância das eleições para uma eventual perda de apoio a seu partido, o conservador Forza Italia.
O Forza Italia ganhou 30% dos votos em 2001, enquanto seu aliado, o pós-fascista Aliança Nacional, obteve 12%. Alguns analistas acreditam que a representação dos pós-fascistas possa crescer.
Outro aliado de Berlusconi, a Liga Norte, conhecida por sua postura antiimigração, viu sua parcela do poder cair nas últimas eleições a menos de 5% e está lutando para recuperar posições.
"O equilíbrio geral de poder dentro do bloco governista de centro-direita vai estar em jogo", escreveu Stefano Folli, colunista do jornal "Corriere della Sera". "A situação não é abstrata porque, mais cedo ou mais tarde, haverá uma mudança no gabinete."
Muitos italianos vão estar interessados no resultado do pleito em Monza, cidade no norte do país. A ex-deputada e atriz pornô Cicciolina concorre à prefeitura.
Outro candidato curioso é Matteo Bertinelli, 18, que concorre à Prefeitura de Pistoia, na Toscana.
Um segundo turno em locais onde um candidato não obtiver mais de 50% dos votos está marcado para 9 de junho.


Texto Anterior: Para cientistas, guerra nuclear mataria milhões
Próximo Texto: Panorâmica: Cisjordânia: Israelenses se retiram de Tulkarem
Índice