São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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Presidente do Irã propõe a Obama debate na ONU

Ahmadinejad quer discutir "problemas do mundo", mas rejeita tratar tema nuclear

Iraniano, que para analistas usa questão atômica com fins eleitorais, diz cogitar resposta aos acenos dos EUA se continuar na Presidência


DA REDAÇÃO

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem que, se for reeleito no pleito de 12 de junho, convidará o colega americano, Barack Obama, a debater na ONU as grandes questões globais. Mas Ahmadinejad disse que o programa nuclear iraniano ficaria fora das discussões, já que Teerã não abrirá mão do direito de enriquecer urânio.
"Se eu for reeleito, [convidarei] Obama para debater na ONU sobre as raízes dos problemas no mundo. Mudanças fundamentais são necessárias, mas a maior delas deve ser na forma como as grandes potências dirigem o mundo", disse.
Até a conclusão desta edição, a Casa Branca não havia respondido à oferta.
O apelo de Ahmadinejad foi feito em entrevista coletiva em Teerã, como parte de sua campanha por um novo mandato de quatro anos -para analistas, ele é o candidato favorito.
O presidente disse que pretende usar o debate, que ocorreria durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, para pedir "mudanças na orientação da política externa americana" e o fim do "expansionismo e colonialismo".
O presidente iraniano disse que cogita responder favoravelmente aos acenos de Obama para reaproximar Washington e Teerã, rompidos desde 1980, mas só depois das eleições.
Ahmadinejad descartou falar com Obama sobre o controverso programa nuclear iraniano, alegando que o Irã de agora em diante só negociará diretamente com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
O iraniano deixou claro que, mesmo negociando com a agência, não abrirá mão de enriquecer urânio. Segundo ele, o "assunto está encerrado".
Potências ocidentais acusam o Irã de enriquecer urânio para produzir bombas atômicas. Teerã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia e negocia uma solução que lhe permita continuar com o enriquecimento -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a AIEA.
A declaração de Ahmadinejad ontem, na prática, rejeita o convite feito em abril pelas cinco potências do Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França) e a Alemanha para retomar o diálogo com Teerã.
A última rodada de conversas ocorreu em meados de 2008, quando o grupo prometeu suspender sanções da ONU e aumentar incentivos financeiros em troca do fim do programa de enriquecimento de urânio iraniano. O Irã recusara, alegando ter direito de conduzir um programa nuclear.
Segundo analistas, Ahmadinejad vem adotando uma retórica confrontativa como parte de uma estratégia que pretende convencer os eleitores de que ele é o único candidato realmente comprometido com o tema nuclear -a maioria dos iranianos defende a manutenção de um programa atômico civil para fins de soberania nacional e vanguarda tecnológica.
Seus três concorrentes querem manter o programa, mas os reformistas pregam mais diálogo com as potências.
Israel, que encara as centrais atômicas iranianas como ameaça existencial, voltou a deixar no ar ontem a possibilidade de ataque ao Irã.
O premiê Binyamin Netanyahu disse que "se Israel não erradicar a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano, ninguém o fará".

Com agências internacionais



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