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Presidente do Irã propõe a Obama debate na ONU
Ahmadinejad quer discutir "problemas do mundo", mas rejeita tratar tema nuclear
Iraniano, que para analistas usa questão atômica com fins eleitorais, diz cogitar resposta aos acenos dos EUA se continuar na Presidência
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem que, se for reeleito no pleito de 12 de junho, convidará o
colega americano, Barack Obama, a debater na ONU as grandes questões globais. Mas Ahmadinejad disse que o programa nuclear iraniano ficaria fora
das discussões, já que Teerã
não abrirá mão do direito de
enriquecer urânio.
"Se eu for reeleito, [convidarei] Obama para debater na
ONU sobre as raízes dos problemas no mundo. Mudanças
fundamentais são necessárias,
mas a maior delas deve ser na
forma como as grandes potências dirigem o mundo", disse.
Até a conclusão desta edição,
a Casa Branca não havia respondido à oferta.
O apelo de Ahmadinejad foi
feito em entrevista coletiva em
Teerã, como parte de sua campanha por um novo mandato
de quatro anos -para analistas,
ele é o candidato favorito.
O presidente disse que pretende usar o debate, que ocorreria durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, para pedir "mudanças
na orientação da política externa americana" e o fim do "expansionismo e colonialismo".
O presidente iraniano disse
que cogita responder favoravelmente aos acenos de Obama
para reaproximar Washington
e Teerã, rompidos desde 1980,
mas só depois das eleições.
Ahmadinejad descartou falar
com Obama sobre o controverso programa nuclear iraniano,
alegando que o Irã de agora em
diante só negociará diretamente com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
O iraniano deixou claro que,
mesmo negociando com a
agência, não abrirá mão de
enriquecer urânio. Segundo
ele, o "assunto está encerrado".
Potências ocidentais acusam
o Irã de enriquecer urânio para
produzir bombas atômicas.
Teerã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia e negocia uma solução que lhe permita continuar com o enriquecimento -o que tem direito a
fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que
em cooperação com a AIEA.
A declaração de Ahmadinejad ontem, na prática, rejeita o
convite feito em abril pelas cinco potências do Conselho de
Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França) e a Alemanha para retomar
o diálogo com Teerã.
A última rodada de conversas
ocorreu em meados de 2008,
quando o grupo prometeu suspender sanções da ONU e aumentar incentivos financeiros
em troca do fim do programa
de enriquecimento de urânio
iraniano. O Irã recusara, alegando ter direito de conduzir
um programa nuclear.
Segundo analistas, Ahmadinejad vem adotando uma retórica confrontativa como parte
de uma estratégia que pretende
convencer os eleitores de que
ele é o único candidato realmente comprometido com o
tema nuclear -a maioria dos
iranianos defende a manutenção de um programa atômico
civil para fins de soberania nacional e vanguarda tecnológica.
Seus três concorrentes querem manter o programa, mas
os reformistas pregam mais
diálogo com as potências.
Israel, que encara as centrais
atômicas iranianas como
ameaça existencial, voltou a
deixar no ar ontem a possibilidade de ataque ao Irã.
O premiê Binyamin Netanyahu disse que "se Israel não
erradicar a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano, ninguém o fará".
Com agências internacionais
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