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REINO UNIDO
Decisão foi tomada porque o ex-parceiro de Natallie Evans retirou autorização para a utilização dos fetos
Justiça não permite que britânica use embrião congelado
JANE WARDELL
DA ASSOCIATED PRESS, EM LONDRES
A Corte de Apelações britânica
decidiu ontem que uma mulher
que perdeu a fertilidade depois de
ser submetida a tratamento contra câncer não poderá usar os embriões congelados que concebeu
com seu antigo parceiro.
Mas o lorde juiz Thorpe ordenou que os embriões não sejam
destruídos enquanto Natallie
Evans, 32, decide se vai recorrer
da decisão do tribunal.
A decisão é o segundo revés de
Evans no recurso que abriu contra a Lei de Fertilização e Embriologia Humana, que prevê a destruição de embriões quando ambas as partes envolvidas em sua
concepção não consentem com
seu armazenamento e uso.
Evans procurou os tribunais
quando seu ex-parceiro, Howard
Johnston, revogou seu consentimento ao uso dos embriões criados em 2001 com seus espermatozóides.
O casal se separou em 2002. Os
advogados de Evans argumentaram que a lei viola os direitos de
mulheres que perderam a fertilidade.
Evans já perdeu o processo que
abriu na Alta Corte, quando, no
ano passado, o juiz Wall decretou
a destruição dos embriões, criados como resultado de um tratamento de fertilização ""in vitro"
(FIV).
O juiz Thorpe suspendeu essa
ordem e, ao anunciar sua decisão,
reconheceu que, quando a lei foi
redigida, seus responsáveis podem não ter levado determinadas
possibilidades em conta.
"Para Evans, essa é uma tragédia de um tipo que pode não ter
ocorrido a ninguém quando o estatuto foi formulado", disse ele. A
maioria das pessoas tem a oportunidade de tentar o tratamento
de FIV novamente com outro
parceiro, mas, no caso de esterilidade subseqüente, "a simples exigência do consentimento contínuo pode criar dificuldades de natureza possivelmente imprevista", disse o juiz.
"Coração partido"
A advogada de Evans, Muiris
Lyons, disse que terá 28 dias para
decidir se recorre junto à Câmara
dos Lordes, a mais alta corte de
apelações do Reino Unido. "Natallie está de coração partido", disse
Lyons. "Seus embriões congelados representam sua derradeira
chance de ter um filho geneticamente dela, de modo que ela está
totalmente devastada com o resultado da apelação."
Evans teve seus ovários retirados durante o tratamento de FIV,
quando os médicos detectaram a
presença de células pré-cancerígenas. Ela afirma que Johnston,
seu ex-parceiro, a levara a crer
que jamais a impediria de utilizar
os embriões, já que sabia o quanto
ela desejava um filho.
Robin Tolson, outra advogada
de Evans, disse à Corte de Apelações que a Alta Corte fez uma interpretação demasiado estreita da
Lei de Embriologia e que, pela
Convenção Européia de Direitos
Humanos, o embrião tem o direito de viver.
"O caso ilustra claramente as
questões morais, legais, éticas e
sociais que podem surgir, e a decisão judicial tomada hoje tem implicações não apenas para Evans,
mas também para todas as mulheres que passaram por tratamento de FIV e possuem embriões armazenados, além de todas as mulheres que podem fazê-lo no futuro", disse Lyons após o
anúncio da decisão do juiz.
Evans começou sua briga nos
tribunais há dois anos, juntamente com outra mulher estéril, Lorraine Hadley, que também, depois de se separar do marido, perdera a autorização de usar os embriões criados com ele. Hadley
não levou seu caso à Corte de
Apelações.
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