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Premiê do Iraque propõe anistia em plano de conciliação
Proposta de 24 pontos de Nuri al Maliki também defende punição severa a torturadores e indenização às vítimas
Casa Branca vê projeto com bons olhos, porém adverte que ele é "apenas o começo'; milícia mantém exigência de retirada dos EUA do país
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, apresentou
ontem seu plano nacional de
reconciliação para dar um fim
ao que chamou de "feio quadro" no Iraque.
Entre as principais medidas
previstas pelo plano, que tem
24 pontos, está a anistia para os
presos não envolvidos em atos
de terrorismo, crimes de guerra
ou em crimes contra a humanidade. Prevê também medidas
para a prevenção de violação de
direitos humanos, reformas de
prisões e punição àqueles que
cometam torturas.
Também está prevista indenização às vítimas de terror e
de violações de direitos humanos em operações militares.
Fontes próximas às milícias
afirmaram não estarem impressionadas com as propostas
do premiê. Um representante
do Exército Baath de Maomé
afirmou que o plano ignorou as
principais reivindicações das
milícias, incluindo a retirada
imediata das forças dos EUA.
Já a Casa Branca viu com
bons olhos o plano do governo
iraquiano, segundo afirmou o
porta-voz Ken Lisaius. Ele classificou a proposta como "o início de um processo, não o fim".
Mas membros do Congresso
dos EUA se manifestaram contra qualquer plano iraquiano
que garanta anistia a insurgentes responsáveis pelas mortes
de soldados americanos. Para o
senador democrata Carl Levin,
isso é "inconcebível".
O plano foi objeto de duras
negociações entre as diversas
etnias e facções políticas do
país, mas acabou por omitir os
pontos mais controversos. Não
esclarece com quais grupos militantes o governo está pronto
para negociar e qual será sua
atitude no que diz respeito às
milícias pró-governo.
Em seu discurso de 15 minutos no Parlamento, após listar
exemplos de matanças e caos,
Maliki afirmou: "Precisamos
pôr um fim a esse feio quadro".
O premiê obteve apoio dos líderes da minoria de sunitas no
Parlamento, que eram maioria
durante a era Saddam. Mas reiterou que não negociará com
seguidores do ex-ditador ou
com membros da Al Qaeda.
"Não, mil vezes não. Não haverá negociação nenhuma com
eles até que tenham sido devidamente punidos."
Cicatrizar feridas
O enviado norte-americano
ao Iraque, Zalmay Khalilzad,
considerou o plano um bom
passo "para fazer cicatrizar as
feridas do Iraque".
Ele exortou os insurgentes a
"baixarem as armas e se juntarem ao processo democrático",
mas disse que os seguidores de
Saddam e os "terroristas" são
incompatíveis com o plano.
Maliki, contudo, prometeu rever as leis que barram o acesso
de membros do partido Baath a
cargos públicos e militares.
Outro ponto previsto no plano é o da reconstrução das forças que preservem a segurança
do país e que permitam a retirada dos soldados da coalizão
liderada pelos EUA.
Ontem, 25 pessoas morreram no Iraque em conflitos.
Na capital, Bagdá, uma bomba matou seis pessoas e feriu 17
no distrito de Al Shorja. No distrito de Al Nahdha, um bomba
explodiu em um microônibus,
matando duas pessoas e ferindo cinco. No distrito de Zayouna, a explosão de um carro-bomba matou um policial e feriu outras nove pessoas.
Forças dos EUA mataram
um insurgente e prenderam
outros cinco durante uma blitz
ao sul da capital.
Perto de Mossul (norte),
duas pessoas foram mortas e 13
ficaram feridas quando um carro-bomba explodiu perto de
um escritório do Conselho Supremo da Revolução Islâmica.
Um carpinteiro também foi
morto por um homem armado.
Homens portando armas
mataram dois trabalhadores
xiitas em uma loja em Hawija,
de maioria sunita. Pouco depois, um xiita foi morto na rua
por homens armados. Segundo
a polícia, existem conexões entre os dois atentados.
Também em Hawija foi encontrado um corpo decapitado,
apresentando sinais de tortura.
Em Baquba (65 km ao norte
de Bagdá) homens armados
mataram um policial em um
mercado. Em Khan Bani Sa'ad,
ao sul de Baquba, cinco soldados iraquianos foram mortos
em um posto de controle.
Um funcionário do Conselho
Municipal de Baiji (180 km ao
norte de Bagdá) foi morto
quando voltava para casa.
Em Tikrit (175 km ao norte
de Bagdá), um soldado iraquiano morreu quando uma bomba
explodiu enquanto passava
uma patrulha do Exército.
Com agências internacionais
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