São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Chávez vê "golpe de Estado" contra aliado

Acusação é endossada por Alba, bloco integrado por Honduras; Itamaraty diz que não comenta situação interna de outros países

Legislação hondurenha dá a presidente o direito de destituir comandante, mas também permite a Exército não cumprir "ordem ilegal"


DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou ontem que há "um golpe de Estado" em curso em Honduras, governada pelo seu aliado, o neoesquerdista Manuel Zelaya.
A acusação também foi feita pela Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), bloco político-econômico liderada pela Venezuela, e da qual Honduras faz parte desde 2008.
"Estamos dispostos a fazer o que tivermos que fazer para que se respeitem a soberania e a vontade do povo de Honduras", afirmou Chávez ontem na TV. Afirmou ter conversado com os colegas da Bolívia, Evo Morales, e da Nicaragua, Daniel Ortega, sobre o tema. Os dois países fazem parte da Alba.
Questionado pela reportagem, o Itamaraty informou que não comenta a situação política interna de outros países.

Sem condição política
A crise política em Honduras agravou-se ontem com a recusa da Corte Suprema, o principal tribunal do país, em aceitar a demissão do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Romeo Vásquez, determinada no dia anterior pelo presidente hondurenho. O Congresso também decidiu reverter a decisão, mas Zelaya afirmou que ela segue vigente.
A situação derivou para uma disputa de interpretações legais e choque direto entre os Poderes. A legislação hondurenha diz que o presidente é o comandante das Forças Armadas, com direito, portanto, de destituir seu chefe. Mas as leis do país também dizem que os militares não devem acatar ordens ilegais.
Vásquez alegou estar seguindo a segunda condição legal quando anunciou que não ajudaria o Executivo na preparação logística de uma consulta popular sobre a possibilidade de convocar uma Assembleia Constituinte.
A Corte Suprema considera a pesquisa, proposta pelo Executivo, ilegal. A consulta está prevista para o domingo. "Somos prudentes e aceitamos a decisão do presidente, a quem respeitamos e que tem o direito de demitir quem quiser", disse o general, antes da decisão da Corte a seu favor. Seguindo Vásquez, o ministro da Defesa, Edmundo Orellana, também renunciou.
Jornais locais e agências de notícias reportaram movimentação de militares na capital, Tegucigalpa, mas a situação ontem à noite era calma, segundo a Embaixada do Brasil no país. Cerca de 500 brasileiros moram em Honduras.
"O que vemos é uma crescente deslegitimação do presidente por uma ampla e crescente parcela da elite, inclusive militar", disse Manuel Orozco, analista político do centro a Diálogo Interamericano, com sede em Washington. Para Orozco, a situação se complica porque Zelaya soube capitalizar uma insatisfação popular com essas elites e, agora, será difícil politicamente para ele aceitar o freio ao projeto de Constituinte.

Com agências internacionais



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