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Chávez vê "golpe de Estado" contra aliado
Acusação é endossada por Alba, bloco integrado por Honduras; Itamaraty diz que não comenta situação interna de outros países
Legislação hondurenha dá a presidente o direito de destituir comandante, mas também permite a Exército não cumprir "ordem ilegal"
DA REDAÇÃO
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, afirmou ontem
que há "um golpe de Estado"
em curso em Honduras, governada pelo seu aliado, o neoesquerdista Manuel Zelaya.
A acusação também foi feita
pela Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), bloco
político-econômico liderada
pela Venezuela, e da qual Honduras faz parte desde 2008.
"Estamos dispostos a fazer o
que tivermos que fazer para
que se respeitem a soberania e
a vontade do povo de Honduras", afirmou Chávez ontem na
TV. Afirmou ter conversado
com os colegas da Bolívia, Evo
Morales, e da Nicaragua, Daniel
Ortega, sobre o tema. Os dois
países fazem parte da Alba.
Questionado pela reportagem, o Itamaraty informou que
não comenta a situação política
interna de outros países.
Sem condição política
A crise política em Honduras
agravou-se ontem com a recusa
da Corte Suprema, o principal
tribunal do país, em aceitar a
demissão do chefe do Estado
Maior das Forças Armadas, general Romeo Vásquez, determinada no dia anterior pelo
presidente hondurenho. O
Congresso também decidiu reverter a decisão, mas Zelaya
afirmou que ela segue vigente.
A situação derivou para uma
disputa de interpretações legais e choque direto entre os
Poderes. A legislação hondurenha diz que o presidente é o comandante das Forças Armadas,
com direito, portanto, de destituir seu chefe. Mas as leis do
país também dizem que os militares não devem acatar ordens ilegais.
Vásquez alegou estar seguindo a segunda condição legal
quando anunciou que não ajudaria o Executivo na preparação logística de uma consulta
popular sobre a possibilidade
de convocar uma Assembleia
Constituinte.
A Corte Suprema considera a
pesquisa, proposta pelo Executivo, ilegal. A consulta está prevista para o domingo. "Somos
prudentes e aceitamos a decisão do presidente, a quem respeitamos e que tem o direito de
demitir quem quiser", disse o
general, antes da decisão da
Corte a seu favor. Seguindo
Vásquez, o ministro da Defesa,
Edmundo Orellana, também
renunciou.
Jornais locais e agências de
notícias reportaram movimentação de militares na capital,
Tegucigalpa, mas a situação ontem à noite era calma, segundo
a Embaixada do Brasil no país.
Cerca de 500 brasileiros moram em Honduras.
"O que vemos é uma crescente deslegitimação do presidente por uma ampla e crescente
parcela da elite, inclusive militar", disse Manuel Orozco, analista político do centro a Diálogo Interamericano, com sede
em Washington. Para Orozco, a
situação se complica porque
Zelaya soube capitalizar uma
insatisfação popular com essas
elites e, agora, será difícil politicamente para ele aceitar o freio
ao projeto de Constituinte.
Com agências internacionais
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