|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ahmadinejad diz que Obama repete Bush
Para presidente do Irã, americano "cometeu erro" e deve "desculpas"; "Se esse é o tom, não há sobre o que conversar", diz
EUA negam ingerência no país persa, onde opositor, que não é visto em público desde terça-feira, exorta manifestações dentro da lei
DA REDAÇÃO
O presidente reeleito do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, acusou ontem o mandatário americano, Barack Obama, de agir
como o antecessor, George W.
Bush, e interferir em assuntos
internos iranianos. Na terça-feira, Obama se disse "estarrecido" e "horrorizado" com a
violenta repressão aos protestos da oposição iraniana.
"O senhor Obama cometeu
um erro ao dizer aquelas coisas.
Me pergunto o porquê de ele
ter caído na mesma armadilha
e dito coisas que Bush dizia",
disse Ahmadinejad na inauguração de fábrica petroquímica.
"Se esse é o tom que ele quer
empregar, então não há sobre o
que conversar", afirmou, em
referência aos acenos de Obama pela retomada do diálogo
com o regime teocrático. "Espero que deixe de interferir e se
desculpe de maneira clara."
A acusação foi rejeitada pelo
governo americano. Segundo o
porta-voz, Robert Gibbs, Obama já havia ressaltado anteriormente que dirigentes iranianos
atribuíram aos EUA papel em
crises políticas. "Incluiria Ahmadinejad nessa lista", disse.
Desde que assumiu a Casa
Branca, em janeiro, o americano tenta uma aproximação com
o Irã, visando sobretudo abrir
diálogo sobre seu programa nuclear, suspeito de visar a bomba
atômica -o que Teerã nega.
Após a reeleição de Ahmadinejad -com 62,7% dos votos,
contra 33% do reformista Mir
Hossein Mousavi- no pleito do
último dia 12, e a repressão a
opositores que contestaram o
resultado que se seguiu, Obama
vinha mantendo cautela. Na última terça, porém, subiu o tom.
Apesar dos protestos, e dos
20 mortos -segundo cifras oficiais-, o regime teocrático já
reiterou que não revisará o resultado, como quer a oposição.
Em Teerã, onde grandes protestos não são registrados desde segunda, manifestação convocada pelo outro candidato reformista derrotado, Mehdi Karubi, foi cancelada ante possível repressão do governo.
Partidários de Mousavi prometem para hoje, segundo site
do opositor, o lançamento de
milhares de balões verdes em
homenagem à iraniana cuja
morte, flagrada, transformou-se em ícone da resistência.
Mousavi pediu ontem aos
iranianos que não arrefeçam as
pressões, mas "dentro da lei".
Em tom inusualmente crítico,
disse que não desistirá de contestar o pleito e acusou o governo iraniano pela violência e pelo derramamento de sangue.
Atribuindo a informação a
um site em persa, o "New York
Times" disse que Mousavi, que
não é visto desde terça, está
sendo mantido em prisão domiciliar. Anteontem, 70 acadêmicos que mantiveram encontro com o reformista foram
presos, segundo a oposição.
Racha
Segundo um jornal ligado à
ala reformista do regime, cerca
de 190 deputados iranianos faltaram a uma comemoração da
vitória convocada por Ahmadinejad na residência presidencial. Entre os que não foram, estão o presidente da Casa, Ali
Larijani, e seus adjuntos.
Já o grão-aiatolá Hossein Ali
Montazeri, adversário do grupo do líder supremo, aiatolá Ali
Khamenei, disse que a repressão às manifestações pacíficas
da oposição pode "comprometer os pilares de qualquer governo, por mais forte que seja".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Lula será convidado de honra em cúpula da União Africana Próximo Texto: Concenso: G8 divulgará comunicado condenando violência pós-eleições Índice
|