|
Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Apesar da oposição de Bush, Câmara aprova comissão para investigar falhas de agências de inteligência
Congresso vai investigar 11 de setembro
DA REDAÇÃO
Num ano de eleições legislativas, o governo George W. Bush
entrou em rota de colisão com o
Congresso dos EUA. Contra a
vontade do presidente, a Câmara
aprovou ontem a instituição de
uma comissão independente para
investigar os antecedentes dos
atentados terroristas de 11 de setembro, quando os serviços de inteligência receberam severas críticas por não preverem os ataques.
Além disso, a Casa Branca disse
que, se o Senado aprovar o projeto de criação do Departamento da
Segurança Interna da forma em
que está redigido, o presidente será obrigado a vetar a lei.
A comissão da Câmara foi aprovada por 219 votos a 188, sendo
que os democratas votaram maciçamente a favor. O partido de
Bush, o Republicano, apesar de
ter maioria (222 deputados contra
210 democratas), não conseguiu
reunir deputados suficientes.
Os deputados indicarão especialistas para a compor a comissão, que terá a participação de parentes das vítimas do atentado.
Segundo o deputado democrata
Tim Roemer, que deu a face final
do projeto aprovado, a comissão
vai "ver o que aconteceu antes de
11 de setembro e consertar os problemas". Roemer nega que vá haver caça às bruxas, mas os republicanos temem que os democratas usem as investigações para
atacar o governo antes das eleições legislativas de novembro.
Apesar de audiências sobre a
atuação dos serviços de inteligência no período pré-ataque já estarem acontecendo em comitês regulares da casa, a comissão será a
primeira iniciativa do Congresso
criada com o fim único de levar a
cabo essas investigações.
Esse foi um dos argumentos da
bancada republicana para tentar
barrar uma comissão parlamentar específica. "Não queremos interferência nos trabalhos em andamento", disse o deputado republicano Porter Goss, chefe do comitê de inteligência da Câmara.
Mesmo com a derrota política, o
governo Bush conseguiu, pelo
menos, a aprovação de um aumento orçamentário para os serviços de inteligência.
Apesar de os números serem secretos, estima-se que o orçamento
das agências de inteligência americanas será 25% maior do que o
aprovado no ano passado. Acredita-se que o total ultrapasse os
US$ 35 bilhões, ou seja, mais até
do que o presidente havia anteriormente requisitado.
O investimento privilegiará o
reequipamento da CIA (agência
de inteligência) e do FBI (polícia
federal), as duas agências mais
criticadas por falhas em detectar
as intenções terroristas.
Novo departamento
Em relação ao projeto de criação do Departamento da Segurança Interna, a Casa Branca reclama que, do modo em que está
emendado, obrigaria os diretores
do órgão a se submeterem a aprovação do Senado. E esses diretores
não teriam liberdade para contratar e demitir pessoal. "O presidente continua otimista de que essas
provisões serão mudadas sem a
necessidade de um veto. Mas ele
está determinado sobre o assunto
e receberá a recomendação, por
parte de seus conselheiros, de vetar o projeto se suas preocupações
não forem levadas em conta", disse o porta-voz Ari Fleischer.
Embora os líderes do Legislativo americano tenham abraçado a
criação do novo departamento
como uma proposta suprapartidária, há uma série de diferenças
quanto às linhas mestras. A proposta de reforma no gabinete é
considerada a maior feita nos últimos 50 anos no país.
Vinte e duas agências federais
comporiam o órgão, que teria como finalidade prevenir novos ataques terroristas. Ele teria cerca de
170 mil funcionários e um orçamento, para o primeiro ano, de
US$ 38 bilhões.
O Senado tem 50 democratas,
49 republicanos e um senador independente.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Moussaoui se declara culpado, mas volta atrás Índice
|