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Mídia expõe segredos de guerra dos EUA
Vazamento de 91 mil documentos produzidos entre 2004 e 2009 é um dos maiores da história militar americana
Textos revelam maior nº maior de mortes de civis do que divulgado e grupo especial para "caçar" insurgentes
Associated Press
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Soldado da Otan faz busca na Província de Logar, onde dois militares desapareceram
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Mais de 91 mil documentos
secretos obtidos pelo site Wikileaks revelam detalhes de
uma guerra do Afeganistão
mais difícil e mais sanguinária do que os Estados Unidos
querem fazer crer.
Entre as informações que
vieram a público ontem está
a existência de um destacamento militar especial para
capturar ou matar insurgentes sem direito a julgamento.
Em um dos maiores vazamentos da história militar
americana, os arquivos, que
vão de janeiro 2004 a dezembro de 2009, mostram ainda
que o Taleban está mais forte
do que no início do conflito,
em 2001, e que centenas de
mortes de civis deixaram de
ser relatadas oficialmente.
As informações provêm de
relatórios de inteligência, registros internos de incidentes, descrições de ataques
inimigos e de reuniões com
políticos locais, entre outros.
Os documentos revelam
planos secretos para eliminar líderes da Al Qaeda e do
Taleban, a expansão das atividades de inteligência na região e dúvidas sobre o envolvimento do Irã e do Paquistão com os insurgentes.
Os arquivos mostram que
há a suspeita de que o serviço
secreto paquistanês tem servido de guia para insurgentes afegãos, apesar de o país
receber mais de US$ 1 bilhão
ao ano do governo americano para ajudar a combater
grupos extremistas.
Aliado dos EUA, o Paquistão teria permitido que representantes de seu serviço de
inteligência se encontrassem
com o Taleban em sessões secretas para orquestrar grupos militantes que lutam
contra soldados americanos.
Os documentos sugerem
que os paquistaneses se envolveram também com a Al
Qaeda e em planos para matar líderes afegãos.
O embaixador paquistanês nos EUA, Husain Haqqani, criticou as acusações e
classificou o vazamento de
"irresponsável". Segundo
Haqqani, o Paquistão está
plenamente comprometido
com a luta aos insurgentes.
O conselheiro de Segurança Nacional, Jim Jones, também divulgou comunicado
em que condena a divulgação dos documentos e ressalta que eles refletem o período
de 2004 a 2009. O democrata
Barack Obama substituiu o
republicano George W. Bush
em janeiro de 2009.
"Em dezembro de 2009, o
presidente Obama anunciou
uma nova estratégia, com
aumento substancial de recursos para o Afeganistão e
maior foco nos refúgios da Al
Qaeda e do Taleban no Paquistão", diz o comunicado.
Segundo Jones, "essa mudança de estratégia respondeu aos desafios" da guerra.
Para a Casa Branca, o vazamento "coloca em risco
americanos e aliados e ameaça a segurança nacional".
O governo dos EUA, no entanto, não negou o conteúdo
dos textos vazados.
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