São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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Chávez ameaça cortar exportação de petróleo aos EUA

Corte seria por "provável" agressão armada por parte da Colômbia após rompimento das relações diplomáticas

Líder da Venezuela culpa Washington por tensão na região; EUA compram metade da produção venezuelana

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que uma agressão armada da Colômbia contra seu país é "mais provável que nunca" e que, se ela ocorrer, deixará de exportar petróleo aos EUA ainda que os venezuelanos tenham "de comer pedra".
Num comício preparatório para as eleições legislativas de setembro, Chávez afirmou que Washington é responsável pela tensão na região. A Venezuela é o 5º maior fornecedor de petróleo para os EUA, que compram metade da produção venezuelana.
Chávez ameaçou processar por "traição à pátria" -figura já usada para deter outros opositores- os governadores oposicionistas de Zulia e Táchira, Estados na fronteira com a Colômbia. Como Bogotá, eles acusam Caracas de ser tolerante com as guerrilhas colombianas no país.
O venezuelano lançou ainda um "alerta" a "governos estaduais, ONGs, meios de comunicação etc." de que não passarão ilesos em caso de agressão, já que ele tomará "medidas internas para salvaguardar a soberania".

NADA NOVO
Na resposta mais extensa às acusações da Colômbia , Chávez disse que "não é nada novo" no fato de paramilitares e guerrilheiros sequestrarem, matarem no país.
Afirmou que "rejeitou, rejeita e rejeitará" a presença desses grupos "no mais mínimo milímetro" do território, ainda que a Venezuela não esteja a salvo desse tipo de incursão na longa fronteira.
Os documentos divulgados pela Colômbia falam que guerrilheiros tem ampla mobilidade na Venezuela. "Mas entre esse fato e a adoção de uma política de guerra, criminosa, assassina como a do governo da Colômbia vai uma boa distância", atacou.
Em sua coluna dominical, porém, o venezuelano voltou a acenar a Juan Manuel Santos, que assume a Presidência da Colômbia em 7 de agosto. Disse que, para reatar com Bogotá, exige "sinais claros" de que há "vontade política real" de dialogar "sem armadilhas".
Santos deve se reunir hoje com Néstor Kirchner, secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que tenta mediar a crise.


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