São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Atirador da Noruega diz ter aliados ativos

Polícia norueguesa afirma que errou e divulga nova contagem de vítimas dos ataques; mortos caem de 93 para 76

Cerca de 100 mil pessoas marcharam pelo centro de Oslo para homenagear vítimas dos atentados de sexta

Emilio Morenatti/Associated Press
Multidão se aglomera em frente à Prefeitura de Oslo para participar de cerimônia em homenagem às vítimas do massacre da semana passada, que matou 68 em ilha e 8 na capital

LUISA BELCHIOR
ENVIADA ESPECIAL A OSLO

A poucos metros de uma multidão que tomou ontem as ruas de Oslo para homenagear as vítimas do duplo atentado da semana passada, o extremista cristão Anders Behring Breivik, 32, acusado dos ataques, dizia à Justiça que ainda tem aliados ativos.
Ele afirmou a um juiz que as duas "células" aliadas integram sua organização, montada para "salvar a Europa do islã". A polícia disse não ter informações sobre os supostos membros do grupo, mas uma investigação internacional foi desencadeada. Breivik também se declarou inocente e disse não se sentir culpado pelas mortes.
Ontem, autoridades norueguesas disseram que o serviço de inteligência investigou Breivik em março. O extremista havia comprado produtos químicos usados na confecção de bombas de uma empresa polonesa que já era monitorada. A investigação não teve continuidade, pois a transação foi legal. A notícia alimentou as especulações sobre uma suposta falta de organização dos serviços de segurança do país.
A própria polícia anunciou ontem ter errado na contagem dos mortos e baixou o número de vítimas para 76, em vez dos 93 divulgados até anteontem.
O erro foi atribuído pela polícia à dupla contagem de corpos na ilha de Utoeya, supostamente dificultada pela correria resultante do socorro aos sobreviventes. A polícia não deu explicações detalhadas sobre o engano. O erro se soma ao fato de a polícia ter demorado uma hora e meia para chegar à ilha após a chamada de emergência, por falta de helicópteros.

PRISÃO
Enquanto isso, Breivik continuará preso. Pela lei do país, sua condenação máxima é de 21 anos, mas, segundo o jurista Stalen Eskelamd, da Universidade de Oslo, uma cláusula permite que na prática ele fique em prisão perpétua. "Ele pode ir para uma espécie de custódia que, ao final dos 21 anos, permite prolongar a pena até que ela vire prisão perpétua", disse.
Ontem, os noruegueses se preocuparam menos com o destino do atirador do que em levantar-se do clima de tristeza e choque. Cerca de 100 mil deles atenderam à convocação do premiê Jens Stoltenberg e fizeram uma marcha que parou o centro da cidade. Com semblantes mais alegres e carregando bandeiras da Noruega, eles espalharam milhares de flores pela capital.
"Essa pessoa [Breivik] achou que ia atingir o Partido Trabalhista, mas atingiu toda a população. É incrível a reação que todos estão tendo", disse o líder dos jovens trabalhistas, Eskila Pedersen, que sobreviveu ao ataque.


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