São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Moradores da ilha continuam em choque

DA ENVIADA A OSLO

Não foi apenas a polícia norueguesa que demorou a socorrer as vítimas do atentado na ilha de Utoeya, que matou ao menos 68 jovens. Moradores da região também tardaram em agir.
Eles pensavam que os tiros eram de caçadores, comuns na região, segundo relataram alguns deles à Folha. "Achamos estranho os tiros virem da ilha, mas aqui há muita caça e não imaginamos que podia ser um maníaco matando os jovens", disse o aposentado Ian Dahle, 65, que mora próximo à ilha.
O fato de tiroteio haver ocorrido de modo disperso por aproximadamente uma hora contribuiu para distrair quem estava perto. Só quando viram jovens atirando-se na água, testemunhas perceberam que algo estava errado. Moradores e hóspedes de um camping em frente à ilha pegaram então pequenos barcos atracados em um cais a cerca de 500 metros de Utoeya e rumaram para lá.
"Foi horrível quando percebemos o que houve. Ver todos aqueles jovens... Ainda é muito chocante para nós", disse Linda Stromsod, moradora de Sundvollen, povoado próximo à ilha.
No local que é um dos principais destinos de férias de verão nos arredores de Oslo e que sedia anualmente encontro de jovens trabalhistas, moradores tentavam ontem retomar sua rotina.
Contudo, carros funerários faziam fila para transportar corpos. Policiais e mergulhadores buscavam desaparecidos. Não paravam de chegar pessoas com flores e velas. Uma delas, a estudante Trine Hansen, 15, estava particularmente emocionada. Ela iria participar do acampamento que terminou no massacre.
"Desisti em cima da hora porque uma amiga arrumou outra viagem de férias. Mas no ano que vem estarei aqui. Não entendo como alguém do nosso país pôde fazer algo assim."
A nacionalidade do atirador também deixou apreensivo o médico Rajaratnam Selvendran, 49, imigrante do Sri Lanka. Ele disse temer o ódio aos estrangeiros manifestado por Brievik, apesar de afirmar que não se sente discriminado no país. "Meu país esteve anos em guerra, e eu escolhi morar aqui justamente por ser um lugar muito pacífico. Espero que continue assim."


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