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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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Vieira de Mello deve ter enterro discreto

FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM GENEBRA

O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante da ONU no Iraque morto no atentado à sede da entidade em Bagdá na semana passada, será sepultado às 14h (9h no horário de Brasília) de quinta-feira no cemitério Plainpalais, em Genebra (Suíça).
O Boeing da FAB trazendo os restos mortais do diplomata, acompanhados pela viúva, Annie Marie, e os filhos, Adrien e Laurent, aterrissou às 9h na Suíça.
Anne Marie chorou ao deixar o avião. Na pista do aeroporto, foi recepcionada pelo diretor geral da ONU, Sergei Ordzhonikidze.
Numa discreta cerimônia, três membros da guarda de honra da entidade transferiram o caixão para uma camionete branca, que deixou o local num cortejo fúnebre, escoltado pela polícia. O corpo de Vieira de Mello foi levado para a capela do cemitério, onde ficará guardado até o enterro.
A família deixou claro que pretende realizar uma cerimônia íntima. "A viagem ao Brasil foi cansativa, tudo foi muito midiatizado. Mas, ao mesmo tempo, ficamos bastante emocionados pelas manifestações de carinho do povo brasileiro, inclusive por pessoas que nem sabiam direito quem era meu pai e que se mostraram solidárias", disse Laurent, um dos filhos de Vieira de Mello.
O cemitério, um espaço repleto de áreas verdes e sombreado por árvores seculares, é também uma atração turística em Genebra.
No Plainpalais, construído no início do século 15, foram enterradas personalidades como Calvino, símbolo na história do protestantismo, e o escritor argentino Jorge Luis Borges. Para obter o direito ao sepultamento no prestigiado cemitério, o pedido deve ser aprovado pelo Conselho Administrativo da Cidade de Genebra. O último enterro foi em 2001.
Na sede do Alto Comissariado da ONU pelos Direitos Humanos, a sala onde Vieira de Mello trabalhava permanece lacrada. Uma foto do diplomata foi fixada na porta, diante da qual se acumulam dezenas de buquês e flores.
Hoje, funcionários da ONU marcharão em Genebra, numa homenagem ao diplomata brasileiro. Na sexta-feira, deverá haver um ato oficial, com personalidades convidadas, em memória de todas as vítimas do atentado.


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