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JUSTIÇA
Taxa, que não inclui homicídios, atinge o nível mais baixo em 30 anos; para analistas, leis duras e boom econômico ajudam
Crime violento cai pela metade nos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os crimes violentos e contra a
propriedade atingiram no ano
passado o nível mais baixo nos
EUA desde 1973 e caíram pela
metade desde 1993 -um dos
anos considerados mais violentos, segundo estatísticas do Departamento da Justiça norte-americano.
A taxa de crimes violentos contra pessoas na faixa etária de 12
anos ou mais vivendo nos EUA
teve uma redução de 54% nos últimos dez anos.
Caiu de 49,1 vítimas por 1.000
habitantes em 1993 para 22,8 por
1.000 no ano passado.
Do total de pessoas que sofreram algum tipo de violência em
2002, cerca de 7% foram ameaçadas com armas de fogo.
Assassinatos
As estatísticas do Departamento
da Justiça, iniciadas em 1973, não
incluem os assassinatos, que são
calculados pelo FBI (a polícia federal americana).
Segundo dados preliminares divulgados em junho passado, houve um crescimento de 0,8 ponto
percentual nos assassinatos no
ano passado em comparação a 2001.
No caso de crimes contra a propriedade, como roubo em casas
ou de carros, a queda também é
significativa: de 319 por 1.000 habitantes em 1993 contra 159 por
1.000 no ano passado.
Fatores da melhora
Especialistas afirmam que uma
série de fatores, como melhora na
renda e crescimento econômico
contínuo, contribuíram para a redução da criminalidade.
Mas apontam para a repressão,
para um sistema de leis mais duras e para um nível de encarceramento sem precedentes nos Estados Unidos como os principais motivos para a queda no número
de crimes.
Na semana passada, outro estudo do Departamento da Justiça,
que levou em conta as estatísticas
até 2001, revelou que 1 em cada 37
americanos adultos já foi condenado e passou algum tempo detido em uma prisão estadual ou federal.
No ano passado, a população
carcerária americana bateu um
novo recorde, chegando a 2,1 milhões de pessoas.
Leis em vários Estados americanos, como a chamada "three strikes you are out" (três infrações e
você está "fora", ou seja, pode ser
condenado à prisão perpétua),
também têm sido um forte fator
de contenção de crimes nos Estados Unidos.
"Retórica oficial"
Segundo o Justice Policy Institute, a premissa de que um maior
encarceramento vem desestimulando o crime -ou por ameaça
ou por manter criminosos por
mais tempo atrás das grades-
não é válida em algumas regiões.
No sul do país, por exemplo, em
vários Estados tanto a taxa de assassinatos quanto o número de
prisões vêm aumentando.
"É preciso separar a retórica oficial sobre a criminalidade da política de correção americana", diz
Vincent Schiraldi, diretor do instituto, que defende penas alternativas para vários tipos de crime
hoje punidos com prisão.
Assim como são maioria relativa nas prisões, os homens negros
e jovens formam o grupo mais
suscetível de serem vítimas de crimes violentos nos EUA.
O mesmo ocorre com as pessoas mais pobres, com renda de
até US$ 7.500 ao ano (cerca de R$
22,5 mil).
Mesmo no caso de roubos a residências, o grupo nessa faixa de
renda registrou no ano passado
52 casos por 1.000, contra 32 por
1.000 para pessoas com nível de
renda anual entre US$ 7.500 e US$
15 mil (R$ 45 mil).
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