Operado há três meses de um câncer no cérebro, senador-ícone fala à convenção

Em gesto simbólico, mais novo dos irmãos Kennedy diz, aos 76, que passará tocha da família à nova geração dos democratas

DO ENVIADO A DENVER

Num gesto carregado de simbolismo e no momento mais emocionante da noite de abertura da convenção democrata, o veterano senador Ted Kennedy passou o bastão de uma geração a outra de políticos democratas ao deixar a recuperação que enfrenta por motivos de saúde para falar no evento. "A tocha será passada para uma nova geração de americanos", discursou o político de 76 anos, ao se referir à candidatura de Obama, 47.
O senador por Massachusetts, no cargo desde 1962 e membro vivo mais conhecido da tradicional família de políticos progressistas, se recupera de uma operação no cérebro, devida a um tumor maligno. Mancando um pouco, com a mão direita tremendo e a fala por vezes falha, entrou no palco do Pepsi Center sob aplausos e gritos de "Teddy! Teddy!"
"Eu vim aqui nesta noite para levantar-me com vocês para mudar a América, para restaurar seu futuro, para que nos ergamos à altura de nossos melhores ideais e para eleger Barack Obama o presidente dos Estados Unidos", disse. "O trabalho recomeça, a esperança de novo se levanta e o sonho continua vivo", falou, repetindo a última frase do discurso que fez em 1980, quando concorreu para ser o indicado do partido à Presidência -e perdeu.
O programado para a noite era apenas uma homenagem de sua sobrinha, Caroline, filha de seu irmão, o presidente John Kennedy (1917-1963), que apresentaria um vídeo. Desde domingo, no entanto, rumores de que o senador voaria para Denver eram cada vez mais forte. Na segunda-feira, depois de liberado por seus médicos, o político resolveu falar.
Ele entrou após Caroline discursar e apresentar o vídeo em que outros membros da família elogiam o parente e destacam sua atuação em 46 anos de Senado. "Em família, ele é conhecido como tio Teddy. Mais do que qualquer senador de sua geração, ou talvez de qualquer geração, Teddy fez melhor a vida das pessoas deste país e no mundo", disse Caroline.
Analistas especulavam se a aparição do político não serviria também para passar o foco dos Clinton, com os quais a campanha de Obama vem tendo desentendimentos, para os Kennedy. (SD)


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