São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2010

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Cartel mata 4 brasileiros no México

Autoridades encontram corpos de 72 imigrantes atacados por narcotraficantes próximo à fronteira com os EUA

Caso é o mais recente de escalada de violência ligada ao narcotráfico que, em 4 anos, deixou mais de 28 mil mortos


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo do México afirmou ter encontrado 72 corpos anteontem no Estado de Tamaulipas, na fronteira com os EUA, dos quais pelo menos quatro são brasileiros. Todos eles seriam imigrantes ilegais da América Central e do Sul.
O episódio, ocorrido em San Fernando -160 km ao sul de Brownsville, no Estado americano do Texas-, foi o mais recente de uma escalada da violência ligada ao narcotráfico no país, que, nos últimos quatro anos, deixou mais de 28 mil mortos.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Alejandro Poire, afirmou que, além dos brasileiros, há vítimas de El Salvador, Honduras e Equador.
A descoberta dos corpos foi possível após um dos imigrantes, um equatoriano, ter conseguido escapar.
O sobrevivente, identificado como Luis Fredy Lala Pomavilla, contou que os estrangeiros foram sequestrados pelo grupo criminoso quando tentavam chegar à fronteira com os EUA.
Segundo ele, os criminosos se identificaram como membros do cartel Zetas, e que resolveram assassiná-los por eles terem recusado trabalhar como matadores de aluguel para a organização.
Pelo trabalho, eles receberiam US$ 1.000 (cerca de R$ 1.760) quinzenais.
Após o depoimento de Freddy, forças da Marinha mexicana foram até o local indicado por ele, nas proximidades de San Fernando.
Após um tiroteio, que deixou um militar e três criminosos mortos, as autoridades localizaram os corpos de 58 homens e 14 mulheres.
Um adolescente foi detido no local, e um arsenal com 21 armas de grande calibre, fuzis, escopetas, rifles e carregadores foi aprendido.
O governo confirmou oficialmente à Embaixada do Brasil na Cidade do México que, entre os mortos, estão ao menos quatro brasileiros.
Em entrevista à Folha, o cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Lage, disse que Brasília enviará na manhã de hoje o vice-cônsul João Zaidan à região do crime.
Segundo ele, ainda não há detalhes sobre a identidade dos mortos. "Não se sabe ainda se são homens ou mulheres, se eram imigrantes ilegais, nem de que lugar do Brasil seriam", disse.

HISTÓRICO
O episódio foi o terceiro em 2010 no qual autoridades mexicanas descobriram valas com dezenas de corpos, vítimas de narcotraficantes.
Em outros dois casos, acredita-se que os mortos foram sendo deixados nos locais durante um longo período.
Em maio, foram descobertos 55 corpos em uma mina abandonada perto de Taxo, uma cidade colonial ao sul da capital do país, muito popular entre turistas.
Dois meses depois, outros 51 corpos foram encontrados em um campo perto de um depósito de lixo nas cercanias de Monterrey.
A região é palco de uma batalha feroz entre o Zetas e seu antigo aliado, o cartel Golfo (ver texto ao lado).
A narcoviolência no México aumentou desde o início de uma ofensiva, em 2006, contra cartéis.
À época, o presidente Felipe Calderón enviou 50 mil soldados do Exército e a polícia federal para erradicar os traficantes de suas fortalezas no norte do México e ao longo da costa do Pacífico.
"O crime de ontem [terça], por exemplo, mostra a bestialidade, a brutalidade e a absoluta falta de escrúpulos humanos [dos cartéis]", disse o presidente à uma emissora de rádio local.
As mais de 28 mil pessoas mortas desde então perderam suas vidas em choques entre criminosos e forças de segurança ou em confrontos entre organizações rivais.


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