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Cartel mata 4 brasileiros no México
Autoridades encontram corpos de 72 imigrantes atacados por narcotraficantes próximo à fronteira com os EUA
Caso é o mais recente de
escalada de violência
ligada ao narcotráfico
que, em 4 anos, deixou
mais de 28 mil mortos
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O governo do México afirmou ter encontrado 72 corpos anteontem no Estado de
Tamaulipas, na fronteira
com os EUA, dos quais pelo
menos quatro são brasileiros. Todos eles seriam imigrantes ilegais da América
Central e do Sul.
O episódio, ocorrido em
San Fernando -160 km ao
sul de Brownsville, no Estado
americano do Texas-, foi o
mais recente de uma escalada da violência ligada ao narcotráfico no país, que, nos últimos quatro anos, deixou
mais de 28 mil mortos.
O porta-voz do Conselho
de Segurança Nacional, Alejandro Poire, afirmou que,
além dos brasileiros, há vítimas de El Salvador, Honduras e Equador.
A descoberta dos corpos
foi possível após um dos imigrantes, um equatoriano, ter
conseguido escapar.
O sobrevivente, identificado como Luis Fredy Lala Pomavilla, contou que os estrangeiros foram sequestrados pelo grupo criminoso
quando tentavam chegar à
fronteira com os EUA.
Segundo ele, os criminosos se identificaram como
membros do cartel Zetas, e
que resolveram assassiná-los
por eles terem recusado trabalhar como matadores de
aluguel para a organização.
Pelo trabalho, eles receberiam US$ 1.000 (cerca de R$
1.760) quinzenais.
Após o depoimento de
Freddy, forças da Marinha
mexicana foram até o local
indicado por ele, nas proximidades de San Fernando.
Após um tiroteio, que deixou um militar e três criminosos mortos, as autoridades
localizaram os corpos de 58
homens e 14 mulheres.
Um adolescente foi detido
no local, e um arsenal com 21
armas de grande calibre, fuzis, escopetas, rifles e carregadores foi aprendido.
O governo confirmou oficialmente à Embaixada do
Brasil na Cidade do México
que, entre os mortos, estão
ao menos quatro brasileiros.
Em entrevista à Folha, o
cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Lage, disse que
Brasília enviará na manhã de
hoje o vice-cônsul João Zaidan à região do crime.
Segundo ele, ainda não há
detalhes sobre a identidade
dos mortos. "Não se sabe ainda se são homens ou mulheres, se eram imigrantes ilegais, nem de que lugar do
Brasil seriam", disse.
HISTÓRICO
O episódio foi o terceiro em
2010 no qual autoridades
mexicanas descobriram valas com dezenas de corpos,
vítimas de narcotraficantes.
Em outros dois casos, acredita-se que os mortos foram
sendo deixados nos locais
durante um longo período.
Em maio, foram descobertos 55 corpos em uma mina
abandonada perto de Taxo,
uma cidade colonial ao sul
da capital do país, muito popular entre turistas.
Dois meses depois, outros
51 corpos foram encontrados
em um campo perto de um
depósito de lixo nas cercanias de Monterrey.
A região é palco de uma
batalha feroz entre o Zetas e
seu antigo aliado, o cartel
Golfo (ver texto ao lado).
A narcoviolência no México aumentou desde o início
de uma ofensiva, em 2006,
contra cartéis.
À época, o presidente Felipe Calderón enviou 50 mil
soldados do Exército e a polícia federal para erradicar os
traficantes de suas fortalezas
no norte do México e ao longo da costa do Pacífico.
"O crime de ontem [terça],
por exemplo, mostra a bestialidade, a brutalidade e a
absoluta falta de escrúpulos
humanos [dos cartéis]", disse o presidente à uma emissora de rádio local.
As mais de 28 mil pessoas
mortas desde então perderam suas vidas em choques
entre criminosos e forças de
segurança ou em confrontos
entre organizações rivais.
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