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China afirma que avião da Embraer estava sob suspeita
Colisão de jato ocorrida anteontem deixou 42 mortos e 54 feridos, na maior tragédia aérea do país desde 2004
Empresa brasileira rebate e declara que reunião de rotina com os chineses ainda não aconteceu neste ano
GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO
O órgão que regula a aviação civil na China já teria se
queixado à Embraer de problemas no jato E190. Anteontem, um avião deste modelo
sofreu acidente no aeroporto
da cidade de Yichun, deixando 42 mortos e 54 feridos.
De acordo com a Xinhua, a
agência de notícias oficial da
China, a autoridade chinesa
de aviação civil promoveu
uma reunião com representantes de empresas aéreas do
país e da Embraer, em junho,
para debater supostas falhas
estruturais do aparelho.
Entre as queixas estavam
rachaduras em turbinas e erros nas informações do sistema de controle de voo.
Desde os anos 90, quando
amargou uma série de acidentes aéreos, a China investe pesado no setor. O acidente de terça-feira foi o mais
grave desde 2004 e pôs fim a
uma marca de 2.100 dias -69
meses- sem mortes em voos.
A Embraer não confirma.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, afirmou que "promove reuniões periódicas
com as autoridades chinesas
para discutir assuntos referentes às operações das aeronaves". Declarou ainda que a
reunião de 2010 não ocorreu:
está agendada, desde julho,
para a próxima semana.
O especialista em segurança aérea Ronaldo Jenkins de
Lemos, oficial de reserva da
FAB e diretor-técnico do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias), confirmou que reuniões de avaliação das aeronaves são comuns, inclusive no Brasil.
"Quem entende mais do
avião é o fabricante. A autoridade de aviação civil de qualquer país costuma conversar
com o fabricante para discutir problemas eventuais. [As
falhas no E190] tanto não foram consideradas de importância que o avião continua
voando", afirmou.
O engenheiro aeronáutico
Jorge Eduardo Leal de Medeiros, professor da Escola Politécnica da USP, diz achar
"muito pouco provável" que
o acidente tenha sido provocado por uma falha do equipamento. "Esse avião está
voando no mundo inteiro
sem registro de falhas."
Segundo o chefe do departamento de comunicação do
comitê municipal do Partido
Comunista chinês, Hua Jingwei, o jato se dividiu em dois
ao se aproximar da pista, e
passageiros foram jogados
para fora da cabine antes de
ele tocar o solo e explodir.
Testemunhas afirmaram
que as chamas envolveram
toda a fuselagem, atingido a
vegetação ao redor.
"O avião, para quebrar,
deve ter tido uma batida forte. Não parece razoável que
um avião que esteja se aproximando do chão de repente
se arrebente", diz Medeiros.
Havia 96 pessoas a bordo,
incluindo cinco tripulantes e
cinco crianças, diz a Xinhua.
AEROPORTO
Uma companhia aérea
questionou a segurança do
aeroporto de Yichun, que
opera há cerca de um ano.
A China Southern Airlines
disse, em comunicado on-line, que "não deveria haver
voos noturnos" no local. Há
relatos também de problemas com iluminação e condições climáticas do aeroporto.
O acidente deve atrapalhar o plano de Yichun de virar um polo turístico chinês.
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