São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brasil agora chama Gaddafi de autocrata e pede mudança

Patriota diz que país é solidário às aspirações dos líbios pelo fim do regime

Itamaraty ainda se recusa a reconhecer os rebeldes como sendo os representantes legais do país, no entanto

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Mais distante do regime de Muammar Gaddafi após a virtual queda de Trípoli, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ontem que o Brasil é solidário às aspirações dos líbios para pôr fim à ditadura. Em Buenos Aires, ele chamou o governo líbio de "autocrático".
"Presto solidariedade às aspirações do povo líbio por progressos institucionais, econômicos e sociais, por buscar formas mais modernas de governança. Nas últimas décadas o país foi submetido a um governo autocrático", declarou.
O Itamaraty, no entanto, ainda não reconhece os rebeldes como representantes da Líbia, ao contrário de diversos países. Patriota descartou dar asilo a Gaddafi no Brasil.
Ele repetiu que vai esperar uma decisão da ONU antes de legitimar um eventual governo rebelde, embora tenha reconhecido que o CNT (Conselho Nacional de Transição) seja um "interlocutor válido no atual momento".
Os contatos com o CNT têm sido feitos pelo embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio Neto, que no fim de julho chefiou missão secreta a Benghazi, então "capital" rebelde, no leste.
Por meio de membros do CNT em Benghazi e no Cairo, o Itamaraty tem obtido informações diárias sobre os acontecimentos na Líbia. Apesar de haver ressentimento entre muitos insurgentes em relação à relutância do Brasil em cortar os laços com Gaddafi, Melantonio afirma que foi bem recebido pela liderança rebelde.
"O simples fato de o presidente do conselho rebelde [Abdul Jalil] ter me recebido, num momento político bastante tenso em Benghazi mostra a importância que eles dão ao Brasil" disse Melantonio à Folha.
O diplomata brasileiro chegou a Benghazi no dia em que o comandante militar da insurreição, Abdel Fateh Younes, foi assassinado por rebeldes incapazes de perdoar seu passado como chefe de segurança de Gaddafi.
Segundo Melantonio, a liderança rebelde não mencionou as relações do Brasil com Gaddafi nem pediu o reconhecimento oficial do governo transitório.
Também não houve pedidos por ajuda humanitária ou na reconstrução do país.


Texto Anterior: Álbum de retratos: Gaddafi guarda fotos de Condoleezza
Próximo Texto: Reconstrução: Conselho de Segurança autoriza descongelamento de US$ 1,5 bilhão
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.